Qual é, afinal, o fato capaz de gerar manchetes no encontro que tive com a diretoria da Odebrecht, assim como tive com muitos outros representantes de empresas, em minhas campanhas eleitorais?
Vejamos:
1. Os diretores da Odebrecht pediram para conversar com a candidata e foram recebidos num local de acesso público, próximo ao aeroporto onde eu iria embarcar em minha agenda de viagens.
2. Fica claro, no relato feito pelo depoente Alexandrino Alencar, que no encontro tratei de expor minhas propostas para o país, ou, nas palavras dele, “posicionamento, valores culturais – não monetários – e estratégias”, sem qualquer pedido de financiamento ou contrapartida.
3. Ressalte-se que o depoente reconhece que era uma “conversa de aproximação”, ou seja, não havia proximidade entre a empresa e uma candidata que havia sido ministra do Meio Ambiente e manteve sempre distância e isenção nos vários licenciamentos de obras daquela empresa e de todas as outras.
Sendo assim, e na situação atual do Brasil, talvez fosse digno de manchete o fato de ainda existirem políticos que não aceitam propina nem usam caixa 2 em uma campanha eleitoral. Afinal, o que o depoimento da Odebrecht revela é exatamente isso: em minhas campanhas, todas as doações se deram em conformidade com as exigências da lei, e nenhuma empresa fez qualquer tipo de doações ilícitas, muito menos fez qualquer tentativa de auferir vantagem ou contrapartida, como fez com outras candidaturas, conforme já esclareci em nota (http://bit.ly/2oLRKrh). Infelizmente, o destaque que se dá a esse “não-fato” é uma tentativa de gerar suspeitas e insinuações caluniosas.
Reitero o que disse em nota do dia 2 de março de 2017, quando esse assunto foi noticiado pela primeira vez, “todas as doações feitas em 2010 e 2014 foram limpas e sem nenhum tipo de acordo espúrio.”
Repito também o que já disse: não estou sendo investigada na Lava-Jato, não tenho nenhum apelido jocoso nessas listas de propinas, não usei caixa 2 em minhas campanhas.
Apoio todas as investigações e denuncio com indignação as tentativas de “estancar” a operação Lava-Jato. Confio na Justiça e defendo a urgência para mudar o sistema político corrompido e viciado que tem maculado nossa democracia.
Marina Silva, porta-voz nacional da REDE