Os Trabalhadores em Educação e toda a sociedade acreana acompanham, há tempos, essa disputa cheia de interesses políticos e econômicos, pela posse do maior sindicato do nosso estado que é o Sinteac. Se já não bastassem as estratégias elaboradas sorrateiramente pelos partidos (até então de esquerda) que dominam as diversas correntes de pensamento para operar dentro desse movimento de lutas, aqueles que disputaram eleições e foram derrotados trataram de fundar sindicatos paralelos com objetivo de enfraquecer a entidade.
Essa disputa louca sobrou para o Sinteac que recentemente teve seu registo suspenso pelo ministério do Trabalho. Um duro golpe na luta sindical acreana e na maior categoria desse estado. A responsabilidade dessa e de outras derrotas imposta a todos nós, devem ser atribuídas às gestões “atabalhoadas” que tivemos recentemente, Junte-se a isso, o “dedo” de forças políticas que sempre se “alimentaram” do sindicalismo e quando chegaram ao poder, negligenciaram.
Lembro bem que havia um acordo entre os principais partidos da Frente Popular para se revezarem na direção do Sinteac. Isso aconteceu ainda por um período longo (Edvaldo, Analu, Sérgio Roberto, Elza, Marcio Batista, Claudio Ezequiel…), até o dia que um dos “aliados” resolveu “quebrar” o pacto. Além disso, as atenções voltaram única e exclusivamente para as instâncias do governo. Muitos sindicalistas migraram para ocupar espaços institucionais importantes e, espertamente, foram utilizados para o exercício da função de “novos negociadores” em nome do patrão.
Já no início da ‘era’ Frente Popular, o governo do Acre anunciou a formação em nível superior para os professores do estado. Enquanto o Sinteac comemorava a grande conquista, um grupo de espertalhões tratou logo de fundar a Associação dos Professores Licenciados do Acre – APL, com objetivo de enfraquecer o movimento da educação e fazer a politica sindical assistencialista mais ridícula que pode ter. Quem nunca ouviu de um professor ou professora as célebres frases, “Vamos para a APL, lá o plano de saúde é melhor”.
Foi o início do golpe alimentado inclusive por forças de dentro do próprio governo da FP. Com a categoria dividida, abria-se um caminho para o enfraquecimento da luta e quem ganharia com isso era os “negociadores” do Palácio Rio Branco.
O esvaziamento no movimento sindical pelos partidos da FP enfraqueceu a entidade, a organização da luta e deixou um vazio que aos poucos foi sendo preenchido por forças políticas e pessoas que demonstraram incapacidade administrativa e política para estarem à frente da entidade. O governo do estado fez ingerência política dentro do sindicato da educação até quando lhe interessava. Hoje, o sindicato se encontra desmoralizado, enfraquecido, inoperante e incapaz de reagir ao golpe preparado há muito tempo.
Diante desse quadro lastimável, recentemente mais um sindicato foi fundado dentro da nossa categoria. Trata-se do Sindicato Dos Técnicos Administrativos e Apoio Administrativo Educacionais do Estado do Acre-Sintae/Ac. A APL também foi transformada em sindicato. Agora temos três sindicatos dentro da mesma categoria, minada, dividida e sem direção.
Pra “selar” de vez essa desmoralização, o que vemos é uma disputa politica, jurídica e transloucada pela apropriação do dinheiro dos nossos combativos trabalhadores em educação, protagonizada de um lado pela direção do Sinteac e de outro o pessoal do Simproacre. Até já virou caso de policia com dirigentes indo parar em DPs, com acusações de ambas as partes.
Pra finalizar, até parece que o mundo tá de ponta cabeça. As referencias históricas da luta dos trabalhadores se foram. As expectativas de um movimento sindical forte, independente e unitário foram tragadas. De um lado pelo pragmatismo do poder politico institucional a que se entregaram as forças politicas que outrora davam sustentação a luta social do Acre e, por outro, forças mesquinhas e desqualificadas que tomaram conta do cenário de terra arrasada que virou o movimento sindical acreano.
A gente sabe que o poder não se compra com o vácuo e que na politica não existe espaço vazio. Nesse caso em questão, a nossa tragédia é uma obra que não tem um autor especifico. Muita gente contribuiu para esse quadro lastimável em que nos encontramos hoje. O que resta saber então é saber se ainda existe maneira de corrigir esse quadro tenebroso e, se nossa categoria ainda tem disposição pra fazer um trabalho de reconstrução e recuperação da moral e credibilidade da maior e incontestável frente de luta social do Acre, que é o nosso glorioso e combativo movimento dos trabalhadores em educação.
Raimundo Accioly/Professor em Tarauacá