Após as declarações do vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Darcisio Parondi, que afirmou que os parlamentares do PMDB que votarem contra a Reforma da Previdência serão expulsos do partido, a deputada federal Jéssica Sales confirmou que votará contra o polêmico projeto que presidente da República Michel Temer espera aprovar com apoio de sua base de sustentação.
Caso Jéssica Sales seja expulsa da legenda, pelos posicionamentos anteriores e prestígio que seu pai, o ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales, tem junto a classe trabalhadora, é provável que a parlamentar não saia sozinha do PMDB, mas provoque uma verdadeira revoada de peemedebistas que acompanharão a família Sales, causando a maior baixar que um partido terá no Acre.
“Fiz uma análise aprofundada do projeto de Reforma da Presidência e decidi que não posso votar contra o trabalhador. Fiquei surpresa com o posicionamento de pessoas que dizem representar o PMDB, um partido que prega a democracia, mas está tolhendo o livre direito de voto de seus deputados que não representam apenas um sigla, mas o povo brasileiro”, diz Jéssica Sales.
Para ela, o que estaria prejudicando a Previdência não são as aposentadorias dos trabalhadores, a sangria seriam as grandes aposentadorias que são pagas a uma parte privilegiada da sociedade. “Se querem consertar o sistema previdenciário vamos cortar dos grandes, rever as grandes aposentadorias. Verificar os benefícios que são pagos de forma irregular como a pensão de ex-governadores”.
Ela afirma que 70% dos aposentados no Acre se aposentam baixos salários. “Não é justo com quem realmente trabalha que para se aposentarem além de acrescer a idade ainda terão que contribuir 25 anos. Quando é que um agricultor vai sair do Restauração, no Tejo, para pagar um boleto na cidade? Cortem o benefício de quem passou quatro anos no poder, não contribuiu e se aposentou”.
Segundo Jéssica Sales, caso seja aprovada a proposta que estabelece uma idade mínima para aposentadoria e amplia o número mínimo de anos para a concessão do benefício, torna seletiva a possibilidade de aposentadoria aos trabalhadores, levando em conta a estimativa de vida da população em algumas regiões. “Muitos trabalhadores não conseguirão entrar no regime de aposentadoria”, destaca.
Ela destaca que a aposentadoria integral vai ficar mais difícil. “O fim do Fator Previdenciário e a criação de cotas para o pagamento de aposentadorias integrais é um retrocesso. Isso significa que, mesmo contribuindo por 25 anos, o trabalhador não terá direito à aposentadoria integral. Eu não posso concordar com alguns absurdos que foram colocados no projeto”, diz Jéssica Sales.
A peemedebista destaca que estes são apenas dois de vários pontos que ela diverge no projeto de Reforma da Previdência. “Vou votar contra porque acredito que está é a vontade das pessoas que me confiaram sua representação no Congresso Nacional. Sou deputada para defender os direitos de quem trabalha, não os tornar inatingíveis para a grande maioria do povo brasileiro e do meu querido Acre”, ressalta.
Questionada pela possível expulsão do PMDB, a parlamentar disse que sairá com a consciência tranquila que fez aquilo que considerava importante para quem trabalha. “Gosto do partido que escolhi juntamente com meus pais para trabalhar pela população de nosso estado, mas se este for o preço que tenho que pagar por ficar ao lado do trabalhador, pode ter certeza que o pagarei”, destaca.
Procurado pela reportagem, Vagner Sales, militantes histórico do PMDB, não descarta abandonar o PMDB, caso Jéssica Sales seja expulsa. “Sempre acreditei no espírito democrático dentro do PMDB, este foi meu único partido, mas neste caso que seus dirigentes resolveram punir quem exerça seu direito de expressar posicionamentos, eu e meu grupo sairemos dos quadros da sigla”, finaliza.
Ray Melo, da editoria de política do ac24horas