Senador chama proposta de “Frankenstein” e aponta que Temer não tem condições de levar o país adiante. “O governo acabou e estamos vivendo uma situação grave”, alerta
O senador Jorge Viana (PT-AC) criticou duramente, nesta quinta-feira, 6 de julho, a reforma trabalhista, considerada um retrocesso para o país, porque retira direitos dos trabalhadores, impõe regras atrasadas na relação capital e trabalho, sacrifica ainda mais a população, que já enfrenta desemprego em massa, com 14 milhões de pessoas sem carteira de trabalho. Ele chamou o projeto de “frankenstein”.
A proposta altera mais de 200 dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e deve ser votado na próxima semana no Senado. “A reforma não só não vai criar mais empregos, como vai diminuir a arrecadação da previdência”, criticou. “Isso significa que vai embora o 13º salário, que vaiembora uma série de direitos, para falar o mínimo”.
“Mais importante do que tirar direito e fazer essa reforma troncha, em que o Senado não pode falar nada e não pode fazer nada, seria fazermos aqui a nova lei das telecomunicações, trabalhar a nova internet”, disse o parlamentar. “Isso faria o Brasil ficar no século 21 e se preparar para a concorrência planetária, gerando emprego e mudando o perfil da força de trabalho brasileira”.
O senador alertou que a situação política e econômica do país chegou a um ponto crítico. Na avaliação de Viana, o presidente Michel Temer não tem condições de levar adiante as reformas. É que a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção está minando o apoio dos poucos setores simpáticos ao Palácio do Planalto.
“Eu acho que, diante desse ambiente, sinceramente, não é possível que não se entenda que nós estamos vivendo um momento econômico e político muito ruim para o país, com 14 milhões de desempregados, com a indústria quebrando, com a falta de esperança e de confiança”, advertiu”. Neste momento, nós fazermos uma reforma como essa, que tira direito daqueles que mais dão duro neste país, não é justo”.
Jorge Viana comentou que, no Congresso, há um quase consenso de que o governo Temer acabou. “É um consenso silencioso. Ninguém fala ou pouca gente fala, mas, nas conversas, isso virou um consenso”, comentou. Ele avalia que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia – “um dos apoiadores do golpe e que é o Temer do Temer” –, resolveu ser presidente da República, , com apoio de setores da imprensa.
“Temer fez escola. Chegou à Presidência sem voto, por um atalho, num impeachment sem crime de responsabilidade, um golpe. Agora, ele encontrou o Temer dele”, ironizou. Viana comentou que, apesar da reação do presidente à denúncia de Janot, Temer não tem como negar os fatos ocorridos. “Houve ou não houve a conversa do Joesley com o presidente Michel Temer no porão do Palácio Jaburu? Houve. Houve ou não houve o mais importante assessor, o homem de confiança do presidente Michel Temer correndo nas ruas de São Paulo com uma mala com R$500 mil? Houve – filmado e acompanhado pela Polícia Federal”, listou.
“Ora, o Dr. Rodrigo Janot falou que teve um embrulho no estômago, que teve náuseas quando ouviu a gravação da conversa entre o presidente da República e o empresário que estava assumindo naquele momento crimes que tinha cometido. É uma situação muito grave”, disse. “Imaginem como o presidente da República Federativa do Brasil vai chegar ao G20. Vai ter que andar pelos cantos, às escondidas, para não ser visto pela imprensa internacional, porque a única pergunta que farão a ele certamente será: como é ser o primeiro presidente da República da história do Brasil a ser processado no cargo?”
Segundo o senador, nunca o país viveu uma situação grave e vexatória. “Não chega a Polícia Federal não poder emitir passaporte e a Polícia Rodoviária Federal ter que tirar os carros da rua por falta de gasolina! E nós estamos aqui hoje lutando por eleições diretas. Que democracia é esta em que estamos vivendo tempos em que temos que lutar pelo direito de votar, de valorizar o voto do cidadão?”, questionou. “Não há saída se não for pelo voto na democracia. Essa tentativa de um segundo golpe é um outro desastre para o nosso país. Já estão arquitetando um segundo golpe, o golpe no golpe. Quem está pagando a conta são os trabalhadores, quem está pagando a conta é a economia do Brasil, são os que sofrem em todos os estados, inclusive o meu, que é o Acre”.
(ASSESSORIA)