Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou no Aeroporto Internacional de Rio Branco às 5 horas da manhã desta quinta-feira, 17 de agosto. Junto com os primeiros raios de sol do dia, chega a esperança para um paciente de 37 anos, diagnosticado com cirrose hepática causada por vírus das hepatites B e D.
A aeronave transporta um fígado que em poucas horas entrará para as estatísticas como o 25º fígado transplantado no Acre.
O número coloca o estado como referência desse tipo de transplante na Amazônia. O Acre é o estado que mais realiza transplantes de fígado na Região Norte e o 2º do Brasil, ficando atrás apenas do Distrito Federal.
Um bom exemplo é que o 25º paciente a passar por um transplante de fígado no Acre é da cidade de Caracaraí, no estado do Roraima.
Eligellson Silva Gomes, diagnosticado com cirrose hepática, ficou sabendo que o Acre fazia transplante de fígado pela internet e ouviu relatos de transplantes bem sucedidos realizados pela saúde acreana. Como o transplante era a única alternativa para continuar vivo, veio ao estado em busca de uma consulta para avaliação.
A complexa logística para a realização de um transplante
O grande dia chegou. A Central de Transplantes do Acre recebeu a informação de um doador compatível do sexo masculino, em Belém capital do Pará, vítima de traumatismo crânio encefálico. Aí, começava a complexa logística até o fígado chegar às mãos da equipe médica responsável pelo transplante no Hospital das Clínicas.
“A logística para a realização de um transplante é realmente grande e complexa. Ela começa na captação que é sempre de uma morte de forma inesperada de alguém que tem uma boa saúde. Isso ocorre nos horários mais imprevistos, então a equipe de transplantes vive em permanente sobreaviso 24 horas para realizar a captação em qualquer lugar do país”, explica Thor Dantas, chefe do serviço de Infectologia e Hepatologia do HC e médico da equipe de transplante.
Thor explica também a importância da sincronia dos procedimentos. “O receptor de um órgão que também está em fila de espera fica sempre alerta, pois pode ser chamado a qualquer hora”.
O médico lembra ainda que há um prazo para garantir que o órgão chegue em condições de ser transplantado. “O órgão precisa ser implantado em um tempo limite, que varia dependendo das condições do fígado, do doador e do receptor. Além de que a cirurgia toma um tempo muito longo. Então é um trabalho que é muito complexo”.
Com mais este transplante, a saúde do Acre chega ao 302º procedimento realizado no Hospital das Clínicas, sendo 191 de córnea, 86 transplantes de rim e, agora, o 25º de fígado. Somando-se os procedimentos realizados por meio do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), são mais de 600 transplantes.
Secom/Acre