“Esperei quatro dias pra escrever isso. Eu assisti o discurso do deputado Tiririca. Foi uma fala humilde, simples, mas, verdadeira, sobre o Congresso brasileiro.
É também o que eu sinto lá. Montaram uma máquina congressual que não tem representação das minorias, dos trabalhadores, dos indígenas. A mulher é a única minoria (mesmo sendo maioria na sociedade). A juventude que existe lá é apenas a constituída de filhos dos caciques políticos.
Mas, para que não se discuta esse congresso comprometido com a destruição da economia nacional, com os esquemas palacianos, a liquidação de direitos dos trabalhadores, o perdão de dívidas dos poderosos e com um grande número de parlamentares envolvidos na corrupção, é mais cômodo desmoralizar o Tiririca, destacar os seus votos equivocados, transformando-o em mais um “sujo falando do mal lavado”.
No Brasil, enquanto delatores se tornam heróis, o Tiririca não pode denunciar os políticos, por causa da forma que votou em alguns temas ou até mesmo porque não renunciou ao salário.
O que eu vi foi diferente: pela primeira vez, ouvi o Tiririca falar e ninguém rir”.
(Moisés Diniz).