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    Brasil registra mais de 26 mil assassinatos no 1º semestre de 2018

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    Índice nacional de homicídios criado pelo G1 acompanha mês a mês os dados de vítimas de crimes violentos no país. Como não estão contabilizados números de Maranhão, Paraná e Tocantins, que não divulgam a estatística completa, dado é ainda maior.

    Ao menos 26.126 pessoas foram assassinadas no primeiro semestre deste ano no Brasil. É o que mostra o índice nacional de homicídios criado pelo G1, uma ferramenta que permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. O número de vítimas é ainda maior que esse – isso porque a estatística não comporta os dados totais de três estados (Maranhão, Paraná e Tocantins), que não divulgaram todos os números.

    O número consolidado até agora contabiliza todos os homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, que, juntos, compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais. Houve uma média de 4.350 casos por mês.

    mapa faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

    PÁGINA ESPECIAL: Mapa mostra mortes violentas no país

    ANÁLISE DO FBSP: Para reduzir homicídios, Brasil precisa conseguir contabilizar as vítimas

    ANÁLISE DO NEV: No Norte e Nordeste, os dez estados mais violentos do Brasil

    METODOLOGIA: Monitor da Violência

    O levantamento revela que:

    Ao menos 26,1 mil pessoas foram assassinadas no Brasil no 1º semestre

    A taxa de mortes violentas a cada 100 mil habitantes foi de 12,5 no país (considerando apenas o semestre, já que a taxa normalmente é calculada por ano)

    Roraima foi o estado com a maior taxa: 27,7. Ele é seguido por Rio Grande do Norte (27,1), Ceará (26) e Acre (26)

    São Paulo tem a taxa mais baixa, de 3,8 a cada 100 mil

    Maranhão, Paraná e Tocantins são os únicos estados que não informam os dados completos dos seis meses.

    Bruno Paes Manso, pesquisador do NEV-USP, destaca a situação de Roraima, afirmando que, caso o ritmo de mortes se mantenha, o estado pode dobrar o total de mortes em relação ao ano anterior. Ele lembra a crise humanitária vivida na Venezuela, que criou uma instabilidade política na região, o que fragiliza as instituições políticas locais.

    “Nesses cenários, se multiplica a oportunidade de ação para indivíduos e grupos que tentam se impor pela violência. O crescimento das taxas de homicídio é o principal sintoma da fragilização da legitimidade das instituições democráticas na região”, diz Bruno Paes Manso, do NEV-USP.

    No geral, a situação é mais grave nos estados das regiões Norte e Nordeste do país, que ocupam as dez primeiras posições do ranking nacional de homicídios.

    Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ressalta que a violência gera efeitos em diversas áreas do país, como saúde, economia e educação. Diante dos impactos, ela destaca o fato de o governo federal ainda não ter um sistema nacional de monitoramento de criminalidade para subsidiar ações e prestar contas à sociedade.

    “Saber onde acontecem os principais crimes, como eles ocorrem e quais suas principais vítimas são o primeiro passo para qualquer ação que tenha por objetivo interromper a violência”, diz Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

    Transparência pública

    Desde o início do ano, jornalistas do G1 espalhados pelo país solicitam os dados via Lei de Acesso à Informação, seguindo o padrão metodológico utilizado pelo Fórum no Anuário Brasileiro de Segurança Pública. As assessorias das secretarias da Segurança também são requisitadas.

    O objetivo é, além de antecipar os dados e possibilitar um diagnóstico em tempo real da violência, cobrar transparência por parte dos governos.

    Há estados que ainda não têm todos os dados referentes a junho. Dois deles também não informam os números de abril e maio. Veja a justificativa de cada um deles:

    Maranhão: A informação passada pela Secretaria de Segurança Pública era a de que os números de junho de todo o estado ainda não haviam sido consolidados. Na tarde de terça, após a publicação da reportagem, no entanto, o governo informou terem ocorrido 148 homicídios, 4 latrocínios e 1 lesão corporal seguida de morte.

    Paraná: A Secretaria da Segurança Pública diz que o setor de estatística tem quatro ciclos de qualidade da informação e foram identificados problemas com números de alguns municípios. Por isso, não há dados fechados de abril, maio e junho.

    Tocantins: A Secretaria de Segurança Pública não informa os dados separados desde fevereiro. A SSP diz que o setor de estatística não consegue disponibilizar os números mês a mês devido à dificuldade de algumas delegacias em enviar os dados de cada período. Os dados dos últimos dois meses ainda não foram consolidados. Só há o dado de janeiro disponível no mapa.

    Como os números ainda serão revisados pelos governos até o fim do ano, não é possível fazer uma comparação precisa com dados de 2017. Em todo o ano passado, por exemplo, foram 59.103 homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, segundo levantamentofeito pelo G1.

    Por G1