Por Lininha Feitoza *
Sempre considerei a prova do ENEM , uma avaliação cidadã – que iria além de conteúdo – que explorava questões sociais com um viés pedagógico . Achava o máximo , inclusive !
Porém , em 2018, o exame ganhou mais uma nova roupagem , talvez , na tentativa de ser mais inovador ou quiçá para segregar ainda mais os alunos de escolas públicas.

O recorte crítico e atual sobre a realidade sempre se fazia presente nas provas e embora exigisse uma ampla interpretação textual era possível de ser feito por alunos de ensino médio . Contudo , a pretensão deste ano foi mais uma Nova Educação Moral e Cívica , principalmente na prova de linguagens .
A prova estava simplesmente surreal , a de ciências da natureza e matemática , então … Jamais uma abordagem tão técnica assim – e isso inclui desde os enunciados até o conteúdo cobrado – corresponde ao currículo das escolas públicas brasileiras . A prova parecia um exame de doutorado e tenho certeza que se feita por profissionais da área de exatas , nos mais altos graus da educação , iriam hesitar em muitas das questões.
A prova estava um mix de desafios :
1- para saber o que de fato se pedia, visto que os enunciados possuíam uma linguagem excessivamente técnica ( sou licenciada em letras português e , ainda sim, tive dificuldade em compreender )
2- Para aliar o que se pedia da base comum
3- o nível das questões…
Enfim , espero por dias melhores , por provas melhores . Acho que o formato ENEM tem , sim , muitas virtudes. Principalmente , se as questões ideológico- panfletárias forem colocadas em plano menor e o protagonismo for o da busca por uma excelência de conteúdos , conciliando forma e conteúdo , tradição e modernidade , popular e erudito , mas SOBRETUDO que corresponda à realidade da educação do Brasil .
*Graduada em Letras Português pela Universidade Federal do Acre -UFAC. Professora da rede pública estadual de Educação.