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    Estados Unidos: Júri considera mexicano El Chapo culpado de chefiar o cartel de Sinaloa

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    O júri que analisa as acusações contra o mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán em Nova York o declarou nesta terça-feira (12) culpado de ocupar uma posição de liderança no cartel de Sinaloa, o que pode levá-lo à prisão perpétua.

    Por G1

    Como foi o julgamento

    O júri anônimo analisou o caso por dois meses e meio. A acusação baseou-se principalmente em depoimentos de testemunhas. Os jurados ouviram 200 horas de declarações de 56 testemunhas, incluindo 14 testemunhas cooperantes — a maioria traficantes e sócios no cartel de Sinaloa — que um advogado de defesa afirmou serem mentirosos em busca de sentenças reduzidas.

    Como informa a rede CNN, os jurados ouviram depoimentos sobre torturas indescritíveis, assassinatos medonhos e corrupção em quase todos os níveis do governo do México. Foram apresentadas também imagens de sistemas de vigilância, grampos telefônicos e mensagens de texto envolvendo El Chapo. Seu especialista em tecnologia, um colombiano chamado Christian Rodriguez, testemunhou contra ele no julgamento e deu às autoridades americanas o acesso a mensagens de texto e conversas por telefone celular que o traficante tinha com comparsas do cartel, amigos e esposa.

    Negócio aos 15 anos

    Joaquín Archivaldo Guzmán Loera nasceu em 4 de abril de 1957 em uma família humilde em La Tuna, pequeno povoado rural de Badiraguato, no pobre e violento estado de Sinaloa. O apelido “El Chapo” significa “o baixinho”, em português.

    Em um encontro clandestino em outubro de 2015, contou ao ator americano Sean Penn que, quando criança, vendia laranjas, refrigerantes e doces para ajudar sua família, que era “muito pobre”.

    Mas devido à “falta de oportunidades”, aos 15 anos já cultivava e vendia maconha e papoula, um negócio que florescia em seu povoado agrícola.

    O maior cartel do mundo

    Adolescente, foi recrutado pelo chefe do cartel de Guadalajara, Miguel Angel Félix Gallardo, e quando este foi preso em 1989, fundou com três sócios o cartel de Sinaloa, que cresceu de forma metórica até se tornar o maior do mundo.

    Com o passar do tempo, se tornou o traficante de drogas mais procurado do mundo, acusado de enviar entorpecentes da América Latina para Estados Unidos, Europa e Ásia.

    Até a revista “Forbes” reconheceu o seu sucesso e, até 2013, o colocou por vários anos em sua famosa lista de bilionários, estimando a sua fortuna em US$ 1 bilhão.

    Embora em seu estado de Sinaloa tenha criado uma imagem de Robin Hood, fazendo muitas obras sociais para a população local, El Chapo era considerado impiedoso com rivais e traidores.

    Prisões e fugas

    Mas a partir de 1993 a situação começou a se complicar e, em junho daquele ano, foi detido pela primeira vez, na Guatemala, e levado para uma prisão mexicana.

    Mas fugiu oito anos depois, em 2001, dentro de um carrinho de roupa suja.

    Voltou a ser preso em fevereiro de 2014, quando estava com sua esposa e filhas em Mazatlán, Sinaloa. E, novamente, fugiu 14 meses depois por um túnel de 1,5 km cavado sob o ralo do chuveiro de sua cela.