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    Isolamento Social

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    A pandemia do novo Coronavírus já causou, somente no Brasil, quase 70 mil mortes e número de infectados já ultrapassa 1 milhão e 700 mil. Embora o número de pessoas que conseguiram se recuperar da doença cause esperança, pois já ultrapassa 1 milhão, ainda não temos nenhuma certeza sobre as possibilidades de reinfecção e seguimos com a tristeza de ver um grande número de vítimas fatais todos os dias. Ontem (9 de julho de 2020) o Brasil registrou 1.220 novos óbitos e, em contrapartida, as pessoas parecem cada vez menos preocupadas ou engajadas com as medidas de proteção.

    Os dados mais recentes do mapa brasileiro da COVID-19 [1] mostram que o percentual de isolamento mais alto alcançado pela população, no dia 09 de julho de 2020, foi de 43,4%, na Bahia, e o mais baixo 34,2%, no Tocantins. O índice mais alto registrado não chega a ser o considerado aceitável, conforme a Organização mundial de Saúde – OMS, que é de 50% a 60%, ou ideal, que é de 60% a 70%.

    O isolamento social no Brasil está ganhando status de sistema que não deu certo, quando na verdade a sociedade pouco se dispôs a implementá-lo. E muitos vão afirmar (como já afirmam) que todos os comércios deveriam abrir suas portas, já que os decretos de isolamento não resolveram o problema da pandemia. Acontece que, mesmo no estágio em que nos encontramos, é a responsabilidade de algumas pessoas em cumprir o isolamento social que está fazendo com que a pandemia não se alastre ainda mais.

    Contrariamente às muitas falas do senso comum, o controle epidemiológico da pandemia depende, além das medidas de higiene pessoal, do isolamento horizontal para a população em geral. A principal justificativa para esse tipo de medida é o fato de que os sistemas de saúde são incapazes de receber todos os potenciais infectáveis, sendo, portanto, urgente que sejam tomados cuidados individuais para não causar sobrecarga nas unidades de saúde.

    A pandemia tem revelado outros problemas sociais de caráter moral e ético.  Enquanto muitas pessoas acreditam fortemente que a economia não pode parar, por uma questão de sobrevivência da população mais pobre, a realidade é que os mais preocupados com esse retorno das atividades são os grandes empresários, que acreditam que o lucro é prioritário em relação à vida, até porque a mão de obra não é insubstituível.

    O isolamento social é, por fim, um privilégio. Enquanto muitos precisam sair de casa por trabalharem em serviços essenciais, ou porque não foram liberados de seus empregos, outros, que podem ficar em casa, preferem fazer constantes reuniões com os amigos como se nada estivesse acontecendo, por sentirem-se no direito de ignorar a situação a sua volta.

    Notas:

    [1] Ver: <https://mapabrasileirodacovid.inloco.com.br/pt/>.

    Por:  Maria José Correia (formada em História – Ufac e mestranda em Educação – Ufac).

    Contatos: Instagram @mariacorrei4 / wpp (68)999487160 / e-mail mcorreiaac@gmail.com