De sabor e cheiro fortes e bastante característicos, o cupuaçu é uma das frutas mais usadas na culinária do Acre, seja nos sucos, sorvetes, bombons e cremes. O fruto é originário da Amazônia e sempre pode ser visto nas feiras livres de produção orgânica.
Com a pandemia, as feiras foram suspensas e muitos produtores estão buscando alternativas para driblar a crise e foi no cupuaçu que a Fabiana do Nascimento, técnica em agronegócio, e que ajuda a mãe na produção dos alimentos, achou uma forma de inovar; fazendo geleia de cupuaçu com pimenta.
A ideia surgiu também como uma forma de consumo consciente, já que no ano passado, as polpas que não foram vendidas acabaram sendo desperdiçadas, o que fez com que as produtoras pensassem ainda mais sobre possibilidades, já que na época da fruta, tem cupuaçu no balde, como diz o acreano.
Em março, o G1 contou um pouco de como a Fabiana, mesmo antes da pandemia, já tinha usado a tecnologia para ajudar as comunidades na busca de proporcionar mais comodidade às agricultoras da região.
A receita não é inédita, mas precisou de tempo e estudo para chegar no ponto em que ela queria. Além de cupuaçu, a mistura ainda leva a pimenta muripi, que também é tradicionalmente cultivada na região Norte e faz sucesso com seu aroma característico e sabor picante.
“Esse produto já vinha sendo estudado desde o ano passado e desde então estávamos fazendo experimentos para chegarmos no ponto certo de uma geleia. A ideia surgiu quando ano passado tivemos que jogar fora 500 quilos de polpa da fruta e aquilo partiu meu coração”, conta.
Ela e a mãe, Nazira Nascimento cuidam da produção de uma terra com 9 hectares em Rio Branco e criaram uma rede de apoio a produtoras. No ano passado, elas tiveram poucas vendas da polpa da fruta e acabaram tendo prejuízo. Foi aí que ela pensou em fazer a geleia para ter mais opção.
“Fui pesquisar e na hora que falei que faria a geleia, todos ficaram surpresos e acharam estranho o fato de ser a geleia com a pimenta ardosa. Cada vez que eu fazia, sempre ficava algo a mais ou a menos no sabor”, conta.
Tantos experimentos fizeram com que algumas pessoas duvidassem que daria certo, inclusive, a própria mãe achou que talvez Fabiana não conseguisse chegar ao ponto ideal.
“Ela ficou com receio de não dar certo e falou: ‘Cuidado! Você pode estar dando um tiro no pé’. Eu disse para ela relaxar que estava tudo sob controle e que ia dar certo”, relembra.
E deu mesmo. Há pouco mais de duas semanas, ela lançou o produto nas redes sociais – local que agora é a vitrine para toda a produção – e teve bom retorno, tendo encomendas até de Sena Madureira e Cruzeiro do Sul, no interior do estado.
Cada pote, com 200 gramas, sai a R$ 8. Ela disse que já pensa até em fazer outras geleias de frutas regionais e que tem estudado isso.
Aumento nas vendas
Recorrer à tecnologia foi uma das melhores decisões tomadas pelas produtoras. Fabiana diz que, mesmo após a liberação das feiras, elas pretendem continuar com os pedidos on-line.
“Agora estamos precisando é de um aplicativo, pois faço as anotações de pedidos ainda manualmente e isso me toma muito o tempo. E preciso estar no sítio acompanhado a produção, plantando e colhendo. Mas, não passa mais nem pela nossa cabeça voltarmos pra feira depois que tudo isso passar”, diz.
Com a pandemia, o número de clientes mais que dobrou. Fabiana queria chegar a pelo menos 100 clientes fixos, mas agora elas têm um cadastro de 250 pessoas que fazem questão de receber os orgânicos em casa.
“A pandemia só veio pra somar pra gente com relação às vendas, nos trouxe uma grande quantidade de clientes que jamais imaginamos ter. Quando eu estava fazendo o plano de negócio, minha meta era chegar nos 100 e tava tudo bem, hoje temos mais de 250 clientes”, completa.
Fonte: G1