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    CPI da Covid remarca depoimento de Pazuello para o próximo dia 19

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    Nesta terça-feira (4) também estava previsto o depoimento do ex-ministro Nelson Teich, que acabou sendo reagendado no lugar de Eduardo Pazuello.

    O depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello estava marcado para esta quarta (5), mas logo no início dos trabalhos desta terça (4) da CPI, já circulava entre os senadores a informação de que Pazuello iria faltar.

    A confirmação veio do presidente da CPI, senador Omar Aziz, do PSD. Ele afirmou ter recebido uma ligação do general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, comandante do Exército: “Ministro Pazuello teve contato com dois coronéis, auxiliares dele, esse final de semana que estão com Covid. Segundo a informação que eu tenho, ele vai entrar em quarentena e não virá depor amanhã. É essa a informação. Não é oficial, é extraoficial”.

    O cuidado de Pazuello difere da atitude adotada em outros momentos, inclusive na época em que era ministro da Saúde. Em outubro de 2020, quando estava com Covid, recebeu o presidente Jair Bolsonaro no hotel do Exército – os dois sem máscara e sem distanciamento.

    Na semana passada, o ex-ministro desrespeitou um decreto do governo do Amazonas e entrou em um shopping de Manaus sem usar máscara. A fotógrafa Jaqueline Bastos publicou as imagens numa rede social e afirmou que Pazuello circulou pelo shopping com o rosto descoberto até o momento em que uma mulher entregou a ele uma máscara.

    Só após as reações negativas, Pazuello disse, por meio da assessoria, que entrou no shopping para adquirir uma máscara nova depois que a descartável ficou inutilizada. Pediu desculpas e afirmou que o correto era não ter entrado no local.

    Durante a sessão desta terça (4), esse episódio foi motivo de comentários entre os senadores, que criticaram a decisão de Pazuello em não comparecer amanhã.

    Senadores governistas pressionaram por um depoimento virtual. “Já não ficou definido aqui para a comissão que poderia ser feito de forma virtual?”, questionou o senador Ciro Nogueira (PP-PI). Omar Aziz respondeu: “Semi virtual, mas tem que ser comunicado com antecedência”. Alessandro Vieira, do Cidadania – SE, disse: “Sr. presidente, só para uma correção: este plenário não decidiu autorizar depoimentos virtuais em nenhum momento”.

    Logo depois, o presidente da CPI se corrigiu e confirmou que o depoimento teria de ser presencial. “Se o ministro Pazuello está de quarentena, não tem problema a gente esperar 14 dias para ele vir aqui. Não tem problema – você está me entendendo? –, mas será presencial. Sabe por quê? Não haverá subterfúgios na minha presidência. Então, nós vamos esperar. Eu só quero que seja comunicado pelo comando do Exército que o ministro Pazuello teve contato”, declarou Aziz.

    O líder do governo seguiu insistindo pelo depoimento virtual: “Existiria, por parte da maioria da CPI, impedimento para ser remota?”, perguntou o senador Fernando Bezerra Coelho, do MDB – PE.

    Um depoimento virtual é sempre considerado menos desgastante do que ficar frente a frente com os senadores – ainda mais em uma CPI onde a oposição é maioria. E o governo acabou vencido. Horas depois, a Secretaria-Geral do Exército enviou um comunicado oficial relatando que Pazuello teve contato com dois servidores infectados.

    No documento, que não traz nenhuma comprovação de testes positivos dos auxiliares, o próprio Pazuello sugere que o depoimento poderia ser feito na mesma data/hora da audiência prevista anteriormente, alterando para a forma remota ou adiar o referido depoimento para um outro momento mais oportuno, a ser definido pela própria comissão.

    E a proposta de adiar o depoimento acabou sendo aprovada pela CPI. “Eu proponho que ele seja ouvido dia 19, daqui a 15 dias, aqui nesse plenário. Fica dessa forma definido. Aqueles que concordam, permaneçam como estão. Está aprovado”, definiu Omar Aziz.

    Pazuello é general da ativa. Hoje ocupa um cargo na Secretaria-Geral do Exército. Entre os temas que tem a explicar na CPI, está a crise do oxigênio em Manaus, a defesa do uso de medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina, e a dificuldade na compra de vacinas. Fora da CPI, ele responde a inquéritos sobre esses assuntos.

    Nesta quarta-feira (5), no lugar de Pazuello, a CPI irá ouvir o depoimento do ex-ministro Nelson Teich, que estava marcado para esta terça (4). Teich, que ficou menos de um mês no cargo, deve ser questionado sobre a pressão do governo para que ele defendesse o uso da cloroquina e as divergências sobre a necessidade de isolamento social – motivos que levaram à sua saída do ministério.

    Por G1.globo