Por RFI / texto : Elcio Ramalho
“Un poète en Amazonie” (Um poeta na Amazônia, em tradução livre), novo filme do diretor de documentários franco-espanhol José Huerta, foi inspirado no conturbado processo eleitoral brasileiro de 2018. Com a obra, o cineasta joga luz no trabalho de um poeta acreano que, durante a campanha, propôs literatura e poesia em contraponto ao ambiente violento que predominou nas redes sociais no período que fraturou a sociedade brasileira.
Desde 1987 José Huerta faz idas e vindas ao Brasil para trabalhar e produzir documentários engajados, sempre focados em temas sociais, ambientais e nos efeitos da globalização em comunidades mais vulneráveis.
Mas ao acompanhar da França, onde reside, o turbulento processo que culminou na eleição de Jair Bolsonaro, José Huerta decidiu fazer um trabalho de uma perspectiva mais emocional.
“É um documentário baseado na emoção. Ao ver aquele ‘espetáculo’ eu senti muita dor e sofrimento. É um país maravilhoso, mas quando vi aquele processo político em curso, sofria muito porque vi muitas fraturas nas famílias. Ou seja, chegou a um ponto muito grave em que entrou na estrutura mais profunda da sociedade que é a família”, explica o cineasta na entrevista à RFI.
O protagonista escolhido foi o poeta acreano César Félix, já conhecido de trabalhos anteriores para outros documentários. Historiador formado em Santa Catarina, Félix é atualmente coordenador da reserva extrativista Chico Mendes, no Acre, onde Huerta lembra, “90% da floresta ainda está de pé”.