O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo de investigação criminal por suposta atuação ilegal em favor de madeireiros, deixou o cargo nesta quarta-feira (23/06). A exoneração foi confirmada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Joaquim Alvaro Pereira Leite foi nomeado como novo ministro da pasta. Ele está no ministério desde setembro de 2020, quando passou a comandar a Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais.
Leite é ex-conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), entidade que no ano passado emitiu nota apoiando a declaração de Salles para que o governo aproveitasse a pandemia de coronavírus para “ir passando a boiada” na legislação ambiental.
A fala ocorreu em uma reunião ministerial em maio de 2020, quando o ministro defendia a flexibilização de regras de proteção do meio ambiente.
A troca de comando no ministério vem em um momento de continuidade da alta do desmatamento no país e de forte desgaste de Salles devido a investigações abertas contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar disso, Bolsonaro elogiou Salles na terça-feira (22/6), um dia antes de exonerar o ministro.
“Prezado Ricardo Salles, você faz parte dessa história. O casamento da Agricultura com o Meio Ambiente foi um casamento quase perfeito”, afirmou o presidente, na cerimônia de lançamento do Plano Safra 2021-2022.
“Parabéns, Ricardo Salles. Não é fácil ocupar seu ministério. Por vezes, a herança fica apenas uma penca de processos. A gente lamenta como por vezes somos tratados por alguns poucos desse outro Poder, que é muito importante para todos nós”, disse ainda Bolsonaro na ocasião, em referência ao Judiciário.
Em breve pronunciamento à imprensa nesta quarta, Salles disse que pediu para deixar o cargo.
“Entendo que o Brasil, ao longo deste ano e no ano que vem, na inserção internacional e também na agenda nacional, precisa ter uma união muito forte de interesses e de anseios e de esforços. E para que isso se faça da maneira mais serena possível, eu apresentei ao senhor presidente o meu pedido de exoneração, que foi atendido”, afirmou.
O ex-ministro também disse que seguiu a orientação de Bolsonaro no comando da pasta: “Orientação esta que foi equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente, cuidado com todos os aspectos daquele ministério. Ao mesmo tempo, respeito também ao setor privado, ao agronegócio, ao produtor rural brasileiro, aos empresários de todos os setores, de mineração, imobiliário, setor industrial”.
Por BBC News