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    Fux autoriza reverendo que negociou vacinas a ficar em silêncio para não se incriminar

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    Por Fernanda Vivas e Márcio Falcão, TV Globo — Brasília

    O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta quarta-feira (14) o reverendo Amilton Gomes de Paula a ficar em silêncio diante de eventuais questionamentos da CPI da Covid que possam incriminá-lo.

    Fux tomou a decisão ao analisar um pedido apresentado nesta terça (13) pela defesa de Amilton Gomes. O depoimento ainda não tem data marcada.

    Conforme mostrou o Jornal Nacional, o reverendo negociou, com o aval do Ministério da Saúde400 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca com a empresa americana Davati (leia detalhes mais abaixo).

    Nesta quarta, Fux também autorizou tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-diretor substituto de Logística do Ministério da Saúde, a ficar em silêncio diante de perguntas que possam incriminá-lo.

    Blanco teria participado de um jantar em que, segundo Luiz Paulo Dominghetti, que se apresenta como representante da Davati, teria havido pedido de propina por parte de Roberto Dias, ex-diretor de Logística do ministério. Dias nega a acusação.

    As decisões de Fux

    Pelas decisões de Fux, o reverendo e o coronel:

    • podem se recusar a responder, exclusivamente, a perguntas sobre fatos que os incriminem;
    • não podem sofrer ameaça ou constrangimento em razão do exercício do direito contra a autoincriminação;
    • não podem ser presos por qualquer medida privativa de liberdade ou restritiva de direitos em razão do exercício dessas prerrogativas constitucionais;
    • devem depor e dizer a verdade em relação a fatos dos quais são testemunhas.

    O ministro negou pedidos para que eles não tivessem que comparecer à comissão.

    Fux analisou a questão porque, pelas regras internas da Corte, casos urgentes ocorridos durante o recesso do tribunal ficam a cargo do presidente.

    As convocações

    A convocação do reverendo foi aprovada no último dia 7. Amilton Gomes de Paula, fundador de uma entidade chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), negociava a compra da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro.

    O diretor do Ministério da Saúde que deu o aval foi exonerado após o caso ter se tornado conhecido.

    Blanco, por sua vez, é ex-diretor substituto de Logística do Ministério da Saúde e teria participado de um jantar em que teria havido pedido propina por parte de um diretor do ministério a um vendedor de vacinas.