Por Iryá Rodrigues, g1 AC — Rio Branco
A taxa de homicídio de crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos subiu 183,5% no Acre, passando de de 12,5 por 100 mil habitantes em 2009 para 35,4 em 2019.
Durante esse período de 10 anos foram registradas 549 mortes de crianças e adolescentes no estado. Os dados são da pesquisa Homicídios na Infância e Adolescência no Brasil, levantados pela ONG Visão Mundial.
Em 2019, o Acre ficou em quarto lugar no ranking entre os estados com as maiores taxas de homicídio de crianças e adolescentes, com o registro de 35,4 por 100 mil habitantes. O estado ficou atrás apenas do Amapá (67,4), a Bahia (40,3), o Rio Grande do Norte (40,1).
O maior registro de homicídios no estado acreano foi em 2017, com 118 casos, enquanto que o menor número foi nos anos de 2009 e 2011, com 22 registros em cada ano.
Conforme a pesquisa, o Acre registrou ainda o maior aumento no índice de homicídio de crianças e adolescentes entre os estados no período de 2009 e 2019. Dos 26 estados e o distrito federal, 15 registraram reduções nas taxas e 12 tiveram aumento.
Guerra de facções
O secretário de Segurança Pública do Acre, coronel Paulo Cézar, lembrou que o maior número de registros de mortes entre crianças e adolescentes foi o mesmo período marcado por centenas de mortes violentas em todo o estado, em meio à guerra de facções.
Segundo dados do Monitor da Violência, feito pelo g1 em parceria com informações da Segurança Pública do estado, somente em 2017 foram registradas 530 mortes violentas em todo o Acre.
“Naquele ano, houve a morte do principal traficante da América Latina e as organizações criminosas entraram em guerra. A rota do Paraguai colapsou por conta dessa guerra e, naturalmente, as duas organizações buscaram a região Norte como rota. Consequentemente, essa região passou a ser palco de execuções e o Acre se destacou neste período em todos os números em relação à violência. E as vítimas dessas mortes violentas foram os jovens, que são recrutados pelas facções. Então, tem esse ápice derivado dessa guerra e hoje vivemos o movimento contrário, de redução contínua desses números”, explicou o secretário.
Ainda segundo os dados do Monitor da Violência, em 2018 foram registradas 413 mortes violentas no Acre, em 2019 foram 312 casos, em 2020 o número de mortes violentas chegou a 288 e este ano, até o mês de setembro foram contabilizados 158 casos.
E para essa gradual redução nos números, o secretário atribuiu a três principais eixos de trabalho da Segurança Pública.
“O Acre montou uma força de fronteira e pegou nove unidades das polícias Civil e Militar e envolveu no programa Vigia, que combate crimes transfronteiriços, com atuação do Grupo Especial de Fronteira do Acre (Gefron), firmamos convênio com a Bolívia. Outro pilar foi a integração das forças de segurança por meio da formação de força tarefa. E, por fim, a retomada da disciplina nos nossos presídios. Foi o que permitiu o Acre a voltar a apresentar números menores”, concluiu.