Familiares, vizinhos e amigos de trabalho tentam entender a tragédia que exterminou uma família no Setor Tradicional de Planaltina, na quinta-feira (10/2). A dinâmica e a motivação do crime segue em apuração pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), mas a principal hipótese é de que o sargento da Polícia Militar do DF Nilson Cosme Batista do Santos, 48 anos, tenha assassinado a mulher, Maria de Lourdes Furtado, 50, e os dois filhos do casal, Isaac Furtado dos Santos, 21, e Lucas Furtado dos Santos, 16. Na sequência, teria cometido suicídio. Alguns indícios relatados ao Correio por familiares demonstravam que o militar apresentava sinais de depressão e instabilidade.
Os quatro corpos foram encontrados com marcas de tiro e carbonizados em um quarto da residência, com a porta fechada. A cena da tragédia, relatada à polícia pelos bombeiros que estiveram no endereço, pode ajudar a elucidar detalhes da ocorrência. O delegado à frente das investigações, Eduardo Chamon, adjunto da 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina), afirmou que a dinâmica e a motivação do crime estão sob apuração, mas acrescenta que a principal hipótese é de triplo homicídio seguido de autoextermínio. “Quinta-feira, escutamos policiais e bombeiros. Vamos dar continuidade aos depoimentos. Estamos aguardando as provas periciais”, frisou.
Primo de Isaac e Lucas, o adolescente Ruan Furtado, 16, lamenta a morte dos familiares e diz que o filho mais novo de Nilson se inspirava no pai e sonhava em seguir a carreira policial. “Lucas e Isaac eram incríveis. O mais novo (Lucas) sonhava em ser policial, igual ao Nilson. Eles se espelhavam muito no pai antes da depressão dele”, lembra.
Maria de Lourdes nasceu no município de Mauriti, no Ceará. Em dezembro do ano passado, Maria, Nilson e os filhos visitaram a região, onde parte da família mora, em Juazeiro do Norte (CE). Prima da vítima, Ana Furtado, 43, conta que, na estadia na cidade cearense na casa da família, o sargento da Polícia Militar apresentava sinais de depressão. “Eles vieram em dezembro, aqui, em casa e nem saíam do quarto. Foram obrigados a voltarem mais cedo, porque ele estava mal. Ela sabia da depressão dele, e sofria junto. Ela estava muito magra”, revela a prima.
De acordo com os familiares, Lourdes e Nilson se conheceram logo após ela ter se mudado para o DF, há cerca de 25 anos. Segundo a prima, os familiares mais próximos de Lourdes, que residem em Mauriti, não sabem detalhes de como ela morreu. “A família dela ainda está sem saber muito, porque moram longe e não tinha a convivência deles. A gente só soube da morte por meio de um vizinho”, relata. Ruan Furtado destaca que os primos estavam bem quando ficaram no Ceará. “Eles passaram as ferias ano passado aqui conosco, a energia deles era muito boa. Eram incríveis, sendo que a tia Lourdes sempre contava que eles eram os melhores da turma de onde estudavam. Ainda não estou conseguindo acreditar no que aconteceu”, desabafa.
Correio Braziliense