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    Morre Luc Montagnier, cientista que descobriu vírus da Aids mas alimentou complôs sobre Covid

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    O prêmio Nobel de Medicina Luc Montagnier morreu aos 89 anos. O cientista francês, que ganhou fama mundial por ter participado da descoberta conjunta do vírus do HIV, que causa Aids, vinha sendo alvo de críticas nos últimos anos, principalmente após suas declarações polêmicas ligadas à vacinação e sobre a Covid-19. A morte do cientista havia sido anunciada na noite de quarta-feira (9), mas só foi confirmada na tarde desta quinta.

    Venerado e contestado. A carreira de Luc Montagnier foi marcada por altos e baixos, a começar pela sua grande descoberta: o vírus causador da Aids.

    Tudo começou em 1983, quando o francês iniciou uma pesquisa, junto com os colegas Françoise Barré-Sinoussi e Jean-Claude Chermann, sobre um vírus até então desconhecido. Em Paris, eles conseguiram isolar um LAV (Lymphadenopathy Associated Virus) a partir do material colhido em um paciente em Nova York, no momento em que a doença ainda era um mistério para a comunidade científica. Na época, pesquisadores do mundo todo tentavam entender o que era chamado por alguns de “doença dos 4H”, pois acreditavam que ela atingia apenas homossexuais, usuários de heroína, haitianos e hemofílicos”.

    Em sua biografia, Montagnier lembra que durante um ano não foi levado a sério e todos os estudos que redigiu sobre o tema tiveram suas publicações recusadas. Até que, em 1984, o governo dos Estados Unidos anunciou que outro cientista, o americano Robert Gallo, teria encontrado a possível causa da Aids – um retrovírus batizado HTLV-III. O LAV apresentado nos Estados Unidos tinha as mesmas características dos resultados anunciados meses antes pelas equipes de Montagnier, fato que foi “ignorado” pelos americanos. 

    O episódio fez com que durante anos Gallo e Montagnier fossem apontados como os “descobridores do vírus”, sem que nenhum dos dois cedesse. O impasse durou até 1987, quando França e Estados Unidos chegaram a um acordo e anunciaram oficialmente que ambos os pesquisadores deveriam ser considerados responsáveis pela descoberta. Duas décadas depois, em 2008, Montagnier e Barré-Sinoussi receberam o Nobel de Medicina, o que foi visto por muitos com o reconhecimento de que os franceses foram os verdadeiros pioneiros na pesquisa sobre o HIV.

    Por RFI