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    Produtores rurais e empresário disputam terras de herança em Porto Walter

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    Parte da produção local de Porto Walter está ameaçada em decorrência de uma briga na justiça por área onde estão 180 produtores rurais. O empresário, Emerson Barbary, afirma ser o legítimo proprietário das terras e a disputa hoje segue em processo jurídico.

    Porto Walter é um município isolado do restante do Estado via terrestre. A maioria dos moradores vivem de emprego público e dos cultivos tradicionais da agricultura.

    (Foto: Arquivo pessoal)

    De acordo com o padeiro, Francisco Firmino, as pessoas que trazem os produtos dos ramais — como farinha, banana, milho e açúcar — são os produtores. “Faço aqui um apelo às pessoas que podem nos ajudar a fazer alguma coisa por esse povo”, disse o padeiro.

    No início do mês de março, aconteceu em Porto Walter uma audiência de conciliação entre as partes, mas nenhum acordo foi aceito por parte dos produtores. A maioria dos agricultores vivem na área há mais de 10 anos. Além do cultivo de produtos agrícolas, eles criam animais.

    O setor agrícola é um dos setores que menos recebem investimentos do poder público municipal, segundo dados do portal da transparência.

    O produtor, Antônio Souza, afirma não ter condições de comprar outra terra ou iniciar sua plantação do zero. “É difícil porque uma hora querem vender o terreno por um preço e depois por outro. Não tenho dinheiro suficiente e não posso deixar minhas plantações lá”, explica.

    A área soma mais de 5.800 hectares, na qual o empresário diz ser proprietário junto à sua família. Os moradores contestam e afirmam que ainda não tiveram acesso à documentação que comprove a afirmação de Barbary. “Até hoje ele ainda não mostrou esses documentos. Já pedimos um advogado mas até agora nada”, relata José da Silva.

    Procurado por nossa equipe, Emerson Barbary diz que as terras pertecem a ele e aos irmãos por herança. “Logo que meu pai faleceu, procurei os agricultores para uma reunião pacífica e nossa proposta não foi de tirar ninguém do seu local, mas reconhecer quem realmente precisa da terra”, ressalta Barbary.

    (Emerson Barbary-Empresário)

    Ainda de acordo com o empresário, em 2014 foi visto que haviam vendas de terras e retiradas de madeiras indiscriminadas dentro do imóvel. O objetivo seria a abertura de pastos para gado e comércio de madeira.

    Tomando conhecimento disso, houve a tentativa de separar as pessoas que queriam sobreviver daquelas terras. Segundo ele, entrou-se na justiça com a proposta de qualificar as pessoas como posseiros de verdade.

    Os produtores rurais demonstraram preocupação com o futuro. “Se eu perco a terra, irei ficar de ‘cara para cima’, já que não tenho estudo e nem emprego”, finalizou um dos produtores.

    Por Juruá Online