A editora britânica que edita os livros do autor infantil Roald Dahl (1916-1990) decidiu remover conteúdo que considera ofensivo dos livros do escritor que estão sendo relançados agora.
Nas novas edições dos livros — inclusive no clássico A Fantástica Fábrica de Chocolate —, as referências a gênero, aparência e peso dos personagens foram apagadas ou modificadas.
Os curadores e editores de Dahl disseram que os romances foram atualizados para melhor atender o público moderno. Os livros são editados pela Puffin Books, do grupo Penguin Random House.
Parte da opinião pública mostrou concordar com as mudanças, mas muitos se manifestaram contra, incluindo o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak.
O porta-voz de Sunak afirmou que as obras de ficção devem ser “preservadas, e não retocadas”.
Tomando emprestada uma palavra que Dahl, o porta-voz do primeiro-ministro disse: “Quando se trata de nossa rica e variada herança literária, o primeiro-ministro concorda com o grande e bem-humorado gigante BFG [personagem da obra O Bom Gigante Amigo] que não devemos ‘gobblefunk’ (brincar) com as palavras”.
No Brasil, algo semelhante aconteceu em 2020 com os livros infantis do autor Monteiro Lobato (1882-1948), criador do Sítio do Picapau Amarelo. Diversos termos considerados racistas foram retirados de seus livros, em uma revisão conduzida pela bisneta do autor.
‘Censura’
O escritor Salman Rushdie também criticou a mudança.
“Roald Dahl não era um anjo, mas isso é uma censura absurda”, postou o autor de Os Versos Satânicos em seu Twitter.
“A Puffin Books e os responsáveis pelo legado de Dahl deveriam se envergonhar.”
A Roald Dahl Story Company afirmou que as mudanças que surgiram do processo de revisão — iniciado em 2020 — foram “pequenas e cuidadosamente analisadas”.