Índice acumulou alta de 3,40% na janela de 12 meses. Em junho de 2022, o IPCA-15 foi de 0,69%. Taxas de água e esgoto, e tarifas de energia elétrica sobem. Gasolina tem o recuo mais relevante.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país — subiu 0,04% em junho, informou nesta terça-feira (27) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice continuou em desaceleração na comparação com o mês anterior, quando ficou em 0,51% para maio. Em junho de 2022, o IPCA-15 foi de 0,69%.
Com os resultados, o IPCA-15 acumulou 3,40% na janela de 12 meses.
O resultado veio levemente acima das expectativas de mercado. A mediana de 29 projeções de analistas de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo jornal “Valor Econômico” estimava alta de 0,02% em junho. Pesquisa da Reuters com economistas esperava queda de 0,01%.
Seis dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta no mês, com maior variação vinda do grupo de Habitação (0,96%). O resultado é consequência do aumento nos preços de taxas de água e esgoto, e nas tarifas de energia elétrica.
Revertendo a tendência de meses anteriores, o grupo de Transportes registrou a maior queda no IPCA-15. O grupo teve recuo de 0,55%, com a gasolina sendo destaque de baixa, com redução de 3,40% nos preços do período.
Lembrando que a Petrobras anunciou no último dia 15 mais uma redução do preço da gasolina para as distribuidoras. O litro da gasolina passou de R$ 2,7843 para R$ 2,6575, e, com os novos valores, a gasolina está no menor preço desde junho de 2021.
Veja abaixo a variação dos grupos em junho
- Alimentação e bebidas: -0,51%
- Habitação: 0,96%
- Artigos de residência: -0,01%
- Vestuário: 0,79%
- Transportes: -0,55%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,19%
- Despesas pessoais: 0,52%
- Educação: 0,04%
- Comunicação: 0,11%
Água, luz e esgoto
O grupo Habitação teve alta relevante, de 0,96%, apoiado na subida de taxas de água e esgoto, além da conta de luz residencial.
O IBGE informa que quatro áreas importantes de abrangência do índice registraram aumentos de preço nas taxas de água e esgoto, que subiram 3,64% no agregado. São elas: Recife (11,20%), São Paulo (9,56%), Belém (8,33%) e Curitiba (8,20%).
Já a energia elétrica, que subiu 1,45% em junho, teve reajustes também em quatro regiões relevantes. É o caso de Belo Horizonte (9,15%), Recife (8,21%), Fortaleza (2,2%) e Salvador (1,84%).
Transportes e alimentação em queda
Dois dos grandes “vilões da inflação” em meses passados registraram quedas importantes em junho.
A liderança de quedas entre Transportes neste mês (-0,55%) faz o grupo acumular um recuo de 5,42% na janela de 12 meses. É o único dos nove grupos que está em campo negativo na janela de 12 meses, puxado pelos preços dos combustíveis.
No período, os preços foram beneficiados pelo corte de impostos realizado pelo governo de Jair Bolsonaro para controle da inflação antes das eleições presidenciais e, posteriormente, pela redução do preço do barril do petróleo (que compensou a reintrodução de impostos federais nos combustíveis) e uma mudança da política de preços da Petrobras, já no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde maio, a Petrobras colocou fim à paridade de preços de importação (PPI), que regia o preço dos combustíveis no Brasil. Com a PPI, o receituário oficial de preços era orientado pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pela cotação do dólar.
Agora, a empresa diz que levará em conta o “custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação”, e o “valor marginal para a Petrobras”. Analistas criticaram a medida, por tirar clareza da decisão de preços e ameaçar a saúde financeira da petroleira.
No IPCA-15 de junho, os combustíveis tiveram queda de 3,75%. A gasolina teve maior peso no grupo, com redução de 3,40%, mas os demais combustíveis também sofreram recuos relevantes. É o caso de óleo diesel (-8,29%), etanol (-4,89%) e gás veicular (-2,16%).
Ainda com grande flutuação, as passagens aéreas tiveram alta de 10,70% no mês, após queda de 17,26% em maio.
Por fim, já captando parte das reduções de valores finais pelo programa de incentivo à compra de veículos, o preço do automóvel novo caiu 0,84% e contribuiu com -0,03 ponto percentual no índice do mês.
Outro grupo importante, Alimentação e bebidas, teve deflação no mês, de 0,51%. Segundo o IBGE, a alimentação no domicílio registrou queda de 0,81% em junho, enquanto havia registrado alta de 1,02 em maio. Já na alimentação fora de casa houve desaceleração: de 0,73% em maio para 0,29% em junho.
Em 12 meses, contudo, o grupo ainda acumula alta de 4,94%, acima da média do IPCA-15.
“Quando olhamos alguns grupos, vemos uma melhora nos dados. Serviços, serviços subjacentes e a média dos núcleos arrefeceram no acumulado dos últimos 12 meses. E, o índice de difusão, que mostra o porcentual de itens que aumentaram de preços no mês, teve uma queda de 64% em maio para 51% em junho”, diz Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
“Esses dados podem ajudar positivamente o cenário do Banco Central. De acordo com a ata, divulgada hoje, os membros do Comitê reconhecem a melhora do cenário inflacionário, mas esperam a divulgação de mais dados”, afirma.