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    Juro do cartão de crédito rotativo sobe para 455% ao ano em maio, maior nível em mais de seis anos

    Por G1

    Taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas subiu para 45,4% em maio deste ano, o maior patamar desde agosto de 2017. Dados são do Banco Central.

    A taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo subiu de 447,3% ao ano, em abril, para 455,1% ao ano em maio, informou nesta quarta-feira (28) o Banco Central.

    Segundo a instituição, esse é o maior patamar em seis anos. Em março de 2017, a taxa estava em 490% ao ano, acima da atual.

    O crédito rotativo do cartão de crédito é acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento.

    Críticas de Haddad

    Em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que vai negociar com as instituições financeiras uma redução da taxa de juros cobrada nas operações com o cartão de crédito rotativo.

    Ele informou que a redução do juro do cartão de crédito rotativo está sendo discutida com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

    De acordo com interlocutores do sistema financeiro, as altas taxas cobradas no rotativo do cartão não são um tópico simples de ser resolvido. Eles dizem que o governo e os bancos ainda estão longe de chegar a soluções.

    Mas afirmam que alguns caminhos estão no radar, como oferecer taxas mais acessíveis a devedores pontuais, que não são contumazes e que ficam pouco tempo no rotativo.

    Os representantes das instituições financeiras argumentam que o fato de os consumidores poderem parcelar sem juros, algo que só existe praticamente no Brasil e que deixa o risco integralmente com o emissor do cartão, contribui para a alta taxa cobrada.

    Juro bancário médio

    De acordo com o Banco Central, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas subiu de 45,1% para 45,4%, de abril para maio desse ano.

    O juro médio, nesse caso, foi calculado com base em recursos livres – ou seja, não inclui os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

    Esse é o maior patamar desde agosto de 2017, quando a taxa média alcançou 45,6% ao ano. Ou seja, trata-se do maior índice em cerca de cinco anos e meio. A série histórica do BC tem início em março de 2011.

    • A taxa média de juros cobrada nas operações com empresas ficou estável em 23,8% ao ano em maio, mesmo patamar de abril.
    • Já nas operações com pessoas físicas, os juros subiram de 59,6% ao ano em abril para 59,9% ao ano em abril – os maiores desde agosto de 2017 (62,3% ao ano).
    • No cheque especial das pessoas físicas, a taxa recuou de 133,5% ao ano, em abril, para 130,7% ao ano em maio de 2023.

    Os números são divulgados em um cenário de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao alto patamar da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano – o maior patamar em seis anos e meio.

    Os juros que servem de base para as taxas bancários, entretanto, são aqueles do mercado futuro, pactuados entre as instituições financeiras com base nas expectativas para a economia brasileira.

    Crédito bancário

    O volume total do crédito bancário no mercado, segundo o Banco Central, avançou 0,3% em maio, ficando relativamente estável em R$ 5,4 trilhões.

    No mês passado, houve estabilidade nos empréstimos para as empresas e aumento de 0,5% nas operações de crédito para as pessoas físicas – para R$ 3,3 trilhões, acrescentou a instituição.

    Para as pessoas físicas, o BC informou que contribuíram as operações com cartão de crédito à vista, com aumento de 2,4%, os financiamentos para aquisição de veículos, com alta de 0,9%, e o crédito consignado para trabalhadores do setor público – aumento de 0,6%.

    Segundo o BC, também houve alta de 1,46% nas novas concessões de empréstimos no mês passado, período em que somaram R$ 492,7 bilhões. Em abril, haviam totalizado R$ 485,6 bilhões. Com isso, foi interrompida uma série de três meses seguidos de queda do indicador.

    O cálculo foi feito após ajuste sazonal (uma espécie de “compensação” para comparar períodos diferentes).

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    Endividamento das famílias e inadimplência

    Segundo o BC, o endividamento ficou estável em 48,5% da renda acumulada nos 12 meses até abril desse ano. A série histórica do BC para este indicador teve início em janeiro de 2005. Com isso, registrou queda marginal na comparação com fevereiro, quando estava em 48,6%.

    Em fevereiro de 2020, antes da pandemia da Covid-19, o endividamento das famílias somava 41,8%.

    Ao mesmo tempo, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito subiu de 3,5% em abril para 3,6% em maio deste ano. Este é o maior patamar desde agosto de 2017, quando somou 3,7%. A série do BC para este indicador começa em março de 2011.

    • Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência ficou estável em 4,2% em maio. É o maior patamar desde maio de 2016, ou seja, em sete anos.
    • Já a inadimplência das empresas avançou de 2,3% em abril para 2,4% em maio. Trata-se do maior patamar desde maio de 2019, isto é, em quatro anos.