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    Dólar sobe quase 2% após corte nos juros; entenda os fatores que explicam a alta

    Por G1

    Moeda norte-americana subiu mais de 1% nesta quinta-feira (3), mesmo após redução dos juros básicos brasileiros.

    O dólar fechou em alta nesta quinta-feira (3), um dia depois da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que decidiu reduzir a Selic, taxa básica de juros, de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano, no primeiro corte em três anos.

    A moeda norte-americana subiu 1,96% ante o real, cotada a R$ 4,8981.

    Apesar de a notícia ser vista como positiva pelo mercado, uma vez que indica o início de um ciclo de redução de juros, esse não é o único fator que influencia no mercado cambial. Entre outros pontos, o movimento de desvalorização do real ante a moeda norte-americana também reflete:

    • a aversão ao risco do mercado externo;
    • o real possivelmente menos interessante para operações de “carry trade” (entenda mais abaixo);
    • a saída de estrangeiros em meio à redução da diferença entre os juros brasileiros e o de outras economias.

    Entenda abaixo os pontos que influenciam o dólar na sessão desta quinta-feira (3).

    O que está mexendo com os mercados?

    Apesar de o principal destaque da sessão desta quinta-feira (3) ter ficado com a nova taxa Selic, de 13,25% ao ano, outros fatores também têm influência no mercado cambial.

    Do lado dos juros, por exemplo, apesar de o corte da taxa básica já estar no radar do mercado há um tempo, o movimento de desvalorização do real ante o dólar acontece porque o que mais atrai os investidores estrangeiros para o Brasil são as altas taxas de juros.

    E diante da perspectiva que o ciclo de cortes só está começando, é comum haver uma retirada de recursos do país, com investidores estrangeiros realocando capital em busca de retornos maiores.

    Além disso, o cenário externo também não anda tão otimista nas últimas semanas e alguns especialistas consideram que uma recessão econômica possa vir pela frente.

    Nos Estados Unidos, por exemplo, a agência de classificação de risco Fitch reduziu a nota de crédito do país — que é considerado o mais seguro do mundo —, gerando um mau humor generalizado pelos mercados em nível global.

    No país norte-americano, aliás, os olhos estão voltados hoje e amanhã para a divulgação de dados de emprego, que podem sinalizar como anda a economia e dar mais sinais sobre quais os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em relação à taxa básica de juros por lá.

    Por fim, outro ponto que pode influenciar a valorização do dólar ante o real nesta quinta-feira está na condução de estratégias de “carry trade” — um tipo de operação na qual o investidor toma recursos emprestados em um país com juros baixos e investe o valor em outras economias que tenham juros maiores.

    Nessas operações, o retorno do investidor tem base na diferença da taxa de juros entre as duas moedas. Isso significa que quanto mais a Selic cair, menor é a vantagem do Brasil no “carry trade” — cenário que também influencia no mercado de câmbio.