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    Na véspera da Cúpula da Amazônia, duas mulheres e um homem do povo Tembé são baleados no Pará

    Por Jornal Nacional

    Os conflitos no nordeste do estado são recorrentes. Os indígenas denunciam que as atividades da empresa de azeite de dendê geram impactos ambientais para as comunidades e que são ameaçados por seguranças.

    Cenas de violência chamaram a atenção de autoridades na véspera da Cúpula da Amazônia, que começa nesta terça-feira (8), no Pará.

    As polícias Civil e Militar do Pará ainda não sabem como a violência começou. Imagens mostram manifestantes com pedaços de pau depredando a guarita de entrada da empresa BBF. Houve correria; tratores foram incendiados.

    É possível ouvir o barulho de um tiro. Três lideranças indígenas foram baleadas: um homem e duas mulheres. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, outros dois indígenas estão desaparecidos.

    A empresa, que produz óleo de palma, em Tomé Açu e no Acará, nordeste do estado, afirmou que a equipe de segurança privada conteve a ação dos invasores para defender os trabalhadores ameaçados pelos indígenas.

    Os indígenas dizem que faziam um protesto pacífico, cobrando agilidade nas investigações de um outro caso de violência: um jovem do povo Tembé baleado há três dias.

    “A gente tem que parar com essa violência urgentemente. Precisa da demarcação dos territórios indígenas. Já chega de falar de bioeconomia, de sustentabilidade, se tem uma violência aqui nesse momento”, diz a liderança Alessandra Munduruku.

    Os indígenas denunciam que as atividades da empresa de azeite de dendê geram impactos ambientais para as comunidades e que são ameaçados pelos seguranças da companhia. Os conflitos na região são recorrentes.

    Uma comitiva do Conselho Nacional de Direitos Humanos chegou a desembarcar na região para ouvir os indígenas, mas o encontro foi cancelado por causa do ataque.

    “É necessário que haja investigação – obviamente, a atuação do Poder Judiciário para que não haja violência – e a negociação para a solução da controvérsia em torno da questão fundiária. Nesse momento, a atuação do Ministério da Justiça é uma atuação de acompanhamento daquilo que esses outros órgãos estão providenciando”, afirma o ministro da Justiça, Flávio Dino.

    Em Belém, indígenas de várias etnias marcharam pelas ruas da cidade para protestar contra a violência. Os confrontos ocorreram na véspera da Cúpula da Amazônia. Os líderes dos países amazônicos começam a discutir nesta terça-feira (8) soluções para promover o desenvolvimento social e sustentável da região e proteger os habitantes da maior floresta tropical do planeta.

    Em Belém, indígenas de várias etnias marcharam pelas ruas da cidade para protestar contra a violência — Foto: JN

    A Procuradoria-Geral da República pediu informações à Polícia Federal e à Funai sobre as providências adotadas no caso do indígena baleado na sexta-feira. A Polícia Federal e a Funai ainda não se manifestaram.