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    Rotina no tráfico, armas e funk ‘proibidão’: quem é o irmão do suspeito de matar PM da Rota no litoral de SP

    Por G1

    Kauan, de 19 anos, é apontado pela Polícia Civil como irmão de Erickson David da Silva, suspeito de matar o PM Patrick Bastos Reis, da Rota, em Guarujá (SP). Segundo a SSP, ele estaria presente no momento da morte do policial.

    O jovem apontado pela Polícia Civil como irmão de Erickson David da Silva, suspeito de atirar e matar um PM das Rondas Ostensivas Tobias Aquiar (Rota), foi preso por envolvimento no crime em Guarujá, no litoral de São Paulo. O g1 apurou, nesta quarta-feira (2), que ‘Kauan’ usava as redes sociais para mostrar a ‘rotina’ no tráfico, com armas apontadas para viaturas e funk ‘proibidão’.

    As informações foram divulgadas pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite. Segundo ele, Kauan tinha a ‘função’ de ficar posicionado na comunidade Vila Júlia, armado e com um comunicador, pronto para avisar os comparsas sobre a chegada de viaturas policiais ao local.

    De acordo com a Polícia Civil, duas pessoas já foram presas por envolvimento na morte do PM: Erickson, também conhecido como ‘Deivinho’, e outro homem, de apelido ‘Mazzaropi’, apontado anteriormente pela corporação como responsável pela venda das drogas.

    Segundo Derrite, uma mulher, que não teve o nome divulgado, afirmou junto a ‘Mazzaropi’ que Kauan estava na cena do crime. Ela já foi detida por associação ao tráfico.

    “A mulher disse: ‘O Kauan estava no local conosco. Ele era o quarto elemento’. O ‘Mazzaropi’ relatou exatamente a mesma coisa”, disse Derrite, sobre a investigação que levou a Polícia Civil até Kauan.

    Irmão de Erickson, o suspeito de matar PM em Guarujá, também é procurado pela Polícia Civil — Foto: Divulgação/Polícia Civil

    ‘Rotina’ no tráfico e funk ‘proibidão’

    Os vídeos divulgados por Kauan nas redes sociais mostram o ‘dia a dia’ no tráfico de drogas na comunidade. O jovem passava os ‘plantões’ na ‘biqueira’ em meio ao mato e ao som de funk ‘proibidão’ [incitando a morte de policiais].

    Nas imagens, divulgadas pela Polícia Civil, Kauan escreveu mensagens sobre a vida no crime, como: “se o crime fosse fácil, não existia trabalhador. Respeita nóis”, “onde a bala come e todo respeito é pouco” e até “nóis gosta assim”, ao lado de um emoji de caixão.

    Irmão de ‘Deivinho’, Kauan publicava vídeos mostrando rotina no tráfico de drogas — Foto: Divulgação/Polícia Civil

    Conforme informado durante entrevista coletiva da Polícia Civil em Santos (SP), Kauan é o mais novo de três irmãos, todos presos. Erickson, o mais velho, tem 28 anos e foi detido recentemente suspeito de matar o PM. O irmão ‘do meio’ também está atrás das grades, mas não teve o nome ou o crime divulgados.

    Suspeito de matar PM é preso

    O suspeito de atirar e matar Patrick Bastos Reis, soldado da Rota, passou por audiência de custódia, nesta segunda-feira (31), no Fórum de Santos, no litoral de São Paulo. Erickson David da Silva, de 28 anos, teve a prisão temporária mantida por 30 dias.

    Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da TV Globo, o advogado do Wilton Felix disse que suspeito se diz inocente e estava na comunidade da Vila Zilda, em Guarujá, para comprar drogas. “Ele [Erickson] alega e atesta que não participou do evento morte. Na fatalidade, ele estava comprando droga, por fazer uso de entorpecentes, quando ouviu vários tiros e no pavor da situação, ele fugiu do local”, explicou Felix.

    Ainda segundo o advogado, imagens do suspeito foram vinculadas como sendo o principal suspeito de ter realizado o disparo de ter matado o policial. “Ele ficou com receio e foi para outra cidade, sendo hoje (domingo), de livre e espontânea vontade, se integrou as autoridades, na Corregedoria da Polícia, mostrando que acredita que ele foi vítima de uma injustiça”, disse o advogado.

    Na segunda-feira (31), Erickson foi encaminhado ao Fórum de Santos, onde passou por audiência de custódia, que começou por volta das 10h. A Justiça definiu que a prisão temporária foi mantida por 30 dias.

    O soldado Patrick Bastos Reis foi baleado enquanto fazia um patrulhamento na comunidade da Vila Zilda, em Guarujá, na quinta-feira (27). A morte dele foi confirmada no mesmo dia. Além dele, um outro policial foi baleado na mão esquerda, encaminhado para o Hospital Santo Amaro e liberado.

    Após o caso, a Polícia Militar iniciou a Operação Escudo, com o objetivo de capturar os criminosos responsáveis pela ação contra os agentes.

    Erickson, também conhecido como ‘Deivinho’, foi capturado na Zona Sul de São Paulo, durante a noite do último domingo (30). Segundo informações da polícia, Erickson tem 28 anos, é solteiro e era o ‘sniper’ utilizado pelos traficantes. Ele teria atirado em direção ao soldado da Rota de uma distância de mais de 50 metros.

    Em vídeo gravado antes de ser preso, o suspeito afirma, em relato direcionado ao governador de SP e ao secretário de Segurança Pública, que estão “matando uma ‘pá’ de gente inocente”. Ele diz não ter nada a ver com o caso, mas que vai se entregar. Erickson diz ainda que estão “querendo pegar” sua família (veja o vídeo acima).

    O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou nesta segunda-feira (31) que o vídeo gravado pelo suspeito foi “uma estratégia do crime organizado”.

    “A verdade é que esse vídeo que ele fez, orientado pelos seus defensores, inclusive tem áudio do advogado o orientando a fazer esse vídeo, se os senhores ainda não possuem, ao longo das investigações vão tomar conhecimento disso, é uma estratégia do crime organizado, inclusive de cooptar moradores, de cooptar pessoas das comunidades que também são vítimas do tráfico organizado apresentando versões”, afirmou.

    A Ouvidoria das Polícias informou investigar denúncias de tortura e ameaças de morte relatadas por moradores durante a Operação Escudo.

    Reforço

    O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o secretário de segurança do estado, Guilherme Derrite, anunciaram aumento do efetivo policial e uma nova unidade em Guarujá, no litoral de São Paulo, após a morte do PM da Rota Patrick Bastos Reis. Segundo o governador, as ações se fazem necessárias pois “o tráfico ocupou a Baixada Santista”.

    De acordo com Tarcísio, a Operação Escudo vai continuar na Baixada Santista por pelo menos 30 dias. Além disso, o governador ainda prometeu novas ações na região.

    “Nós vamos levar para a Baixada Santista o aumento de efetivo, unidade da Polícia Militar. Nós devemos ter mais uma unidade da Polícia na Baixada para aumentar o efetivo e responder o anseio da Baixada”, disse Tarcísio.