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    EXCLUSIVO: imagens inéditas mostram os momentos que antecedem as agressões ao ator Victor Meyniel no Rio

    Por G1

    Victor Meyniel falou ao Fantástico sobre as agressões que sofreu na última semana. Após as investigações, a Justiça decidiu manter a prisão preventiva do estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre.

    O ator Victor Meyniel falou ao Fantástico sobre as agressões que sofreu na última semana. Após as investigações, a Justiça decidiu manter a prisão preventiva do estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre.

    O caso aconteceu no dia 2 de setembro em Copacabana, e chocou pela extrema violência registrada pelas câmeras de segurança. Essa semana, o Fantástico teve acesso a imagens inéditas do caso. O autor das agressões, Yuri de Moura Alexandre, deu dezenas de socos no rosto de Victor, durante quase 40 segundos. (veja na reportagem em vídeo acima)

    • As câmeras de segurança mostram Victor e Yuri do lado de fora de uma boate – em frente ao apartamento onde o estudante de medicina mora. Eles começam a conversar;
    • Já no prédio, as câmeras do elevador mostram os dois subindo para o apartamento de Yuri;
    • Depois, Yuri sai do apartamento e vai pra academia. As imagens do elevador mostram que ele desce e retorna em pouco mais de três minutos;
    • Segundo Victor, as agressões começaram assim que Yuri entra novamente em casa;
    • A câmera do elevador mostra que Victor e Yuri discutem por um 1 minuto e 15 segundos no andar com a porta aberta até que Yuri puxa o ator e empurra Victor pra dentro – que bate com a cabeça no espelho;
    • Victor tenta abrir a porta. E segue falando pela janelinha por mais um minuto;
    • Victor desce. Quando o elevador chega no térreo, a porta emperra e ele fica preso;
    • O porteiro vem abrir e chama Yuri, que havia descido pelo outro elevador;
    • Victor sai e os dois seguem discutindo;
    • Ao todo são quatro minutos de discussão entre os dois, a maior parte na frente do porteiro que assiste a tudo;
    • Yuri dá o primeiro soco e espanca Victor por 37 segundos;
    • Durante a agressão, enquanto Victor está deitado e bastante ferido, o porteiro Gilmar José Agostini, olha pra frente, bebe café. Não interfere. Quase dois minutos depois, ele puxa Victor por um dos braços.
    • O desentendimento

    Segundo Victor, ele conheceu Yuri do lado de fora de uma boate e foi convidado para a casa dele. Eles beberam vinho e assistiram a um clipe juntos. Quando a companheira de apartamento de Yuri, Karina de Assis Carvalho, chegou em casa, a situação ficou desconfortável. De acordo com o ator, houve um desentendimento entre Yuri e Karina, e ele tentou quebrar o gelo.

    “Ela chegou por volta das 7h30 mais ou menos do plantão e ficou um clima completamente desconfortável. Ele ficou frio, completamente frio, distante. Eles começaram a se desentender entre eles, pois a porta estava destrancada e ele tinha aberto um vinho dela. Então eu comecei a me sentir nervoso, acuado, meio esquisito e comecei a quebrar o gelo porque eu sou assim, eu tenho essa personalidade”, relata.

    No entanto, à polícia Karina alegou que Victor teve um comportamento debochado, entrando sem bater na porta do quarto dela em várias ocasiões. Victor negou essas acusações e que tenha visto Karina nua.

    “Bati na porta, ofereci um prato de comida a ela, conversei com ela. Perguntei do signo dela, brincando”, relata.

    • Início da discussão entre Victor e Yuri

    A situação escalou quando Yuri saiu do apartamento para a academia e Karina enviou várias mensagens pedindo a ele que voltasse. Segundo Victor, as agressões começaram assim que Yuri entra em casa.

    “Quando ele subiu, ele já numa agressividade… Nossa, bizarra. Me colocou para fora do apartamento. Me expulsou, e me empurrou, eu caí, eu caí no corredor, e eu comecei a ficar tentando entender na minha cabeça o porquê daquela situação, daquele ato agressivo. Por ambas as partes. Não rolou nenhum tipo de conversa comigo de que eu estava sendo, na visão deles, inconveniente, jamais.”

    Imagens da câmera de segurança mostram que os dois discutiram por cerca de 1 minuto no andar, com a porta aberta. Victor aparece tentando abrir a porta e segue falando por mais um minuto. Na versão de Karina à polícia, o ator teria ameaçado Yuri, mas o ator contesta.

    “Eu estava com raiva pela situação que eu passei e eu falei assim: ‘você não tem que agir assim.'”

    • O estopim

    Victor desce para o térreo por um elevador, e Yuri por outro. Ao todo, foram quatro minutos de discussão entre os dois, a maior a parte na frente do porteiro que assiste a tudo.

    “Eu ia embora, eu estava na portaria para isto, mas ele veio falar comigo e teve uma hora que quando a gente estava andando pelo hall, ele me empurra e eu fico mais revoltado ainda pela agressão mínima que seja.”

    O ator destaca o momento em que a discussão passou para a agressão. O “estopim”, segundo Victor, foi após ele questionar se Yuri era assumido’ quanto à sexualidade dele.

    “Momento que eu falo e indignado completamente, frustrado e com raiva, perguntando porque que ele tinha feito aquilo. Se ele não era assumido.”

    Prisão

    Yuri foi preso em flagrante por lesão corporal, falsidade ideológica e injúria por preconceito de natureza homofóbica. Durante a audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva. Agora o caso passa a ser analisado pelo Ministério Público.

    Para a defesa de Yuri, o estudante de medicina não é homofóbico.

    “A gente afirma que não há homofobia porque o motivo que esta se falando de homofobia no processo, né, foi que as agressões teriam sido feitas a partir da revelação da identidade sexual do Yuri. Como essa identidade sexual, ela nunca foi ocultada, ele nunca teve problema que as pessoas soubessem que ele tem a identidade sexual homoafetiva, isso não seria motivo para que ele viesse a agredir qualquer pessoa que fosse”, diz Lucas Oliveira, advogado.

    “Quanto à lesão corporal, não há dúvidas que ocorreu como vimos no vídeo. No entanto, nós precisamos que o Yuri seja ouvido pra que ele venha a dizer qual foi o motivo especifico”, completa.

    Investigação

    Para a Polícia Civil, o depoimento da médica Karina, amiga de Yuri em nada muda o entendimento sobre a motivação principal do crime de lesão corporal. O delegado que investiga o caso está convencido de que as agressões só aconteceram depois que o Victor teria perguntado – na frente do porteiro – se o Yuri não era assumidamente gay.

    “Um negro, ele pode ser racista, e um gay pode ser homofóbico e a sexualidade ela não é aberta para todos. Isso, na visão da Polícia Civil, então configura sim ato homofóbico”, destaca o delegado.

    O porteiro Gilmar foi autuado por omissão de socorro. Ele prestou depoimento, disse que trabalha no prédio desde 1991, que Victor chegou a desmaiar e que logo após as agressões, Yuri foi pra academia. Que após alguns minutos interfonou ao síndico. E que não gosta de se meter na vida dos outros.

    O Fantástico esteve no edifício onde Yuri e Karina moram e procurou por Gilmar – ele não estava no trabalho. A equipe também ligou para o telefone da casa dele, que consta no depoimento, mas não conseguiu falar.