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    Cidade-fantasma: fazenda no Ceará virou município, teve dono como prefeito e acabou abandonada

    Por g1

    O hotel da cidade, o cartório, a prefeitura, a Câmara de Vereadores. Em Cococi, estes edifícios estão todos vazios. É a mesma situação do açougue, da farmácia, das lojas. Os prédios abandonados há décadas já foram invadidos pelo mato, e muitos caíram de velhos. É que Cococi, que já foi um município com prefeito, vereadores e mais de 3.800 habitantes, hoje é uma cidade-fantasma.

    Localizado a cerca de 500 quilômetros de Fortaleza, em pleno Sertão dos Inhamuns, no Ceará, Cococi foi por décadas distrito de outros municípios, mas em 1957 se tornou uma cidade. A independência durou pouco: em 1970 foi extinto e voltou a ser distrito do município de Parambu.

    Apesar da comunidade com quase quatro mil habitantes, Cococi era quase integralmente uma propriedade privada. Cerca de 90% do território do município pertencia a uma família, a família Feitosa, fundadora do local. Inclusive, para chegar ao município, era necessário passar pela porteira da fazenda dos Feitosa.

    O domínio não era só territorial: o primeiro prefeito de Cococi era um Feitosa. O segundo, também. O terceiro e último, que nem chegou a completar o mandato, era pai do primeiro prefeito e tio do segundo.

    Com a extinção do município, os habitantes, aos poucos, foram embora. Atualmente, apenas seis pessoas moram na antiga “área urbana”, quatro de uma família e duas de outra. Dos prédios que compunham o centro da cidade, apenas as duas casas habitadas pelas famílias e a igreja tricentenária permanecem em condições de uso.

    É esta pequena igreja, inclusive, a responsável por, uma vez ao ano, fazer com que o centro do povoamento fique cheio de novo, como no passado: é que a festa de Nossa Senhora de Conceição, padroeira de Parambu, é celebrada na igreja histórica, momento no qual moradores de outras áreas de Parambu vão até Cococi festejar a santa.