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DIZEM QUE NÃO SOU POETA

Dizem que não sou poeta
Negam que vejo o mundo
com olhos que transformam
o comum em verso,
o silêncio em canção.

Sim, há os que duvidam,
os que resistem,
e me chamam de matemático,
como se números e palavras
não pudessem habitar
o mesmo coração.

Apontam-me o dedo,
esses juízes sem credência,
trazendo consigo
as sombras de suas almas,
as dúvidas que não ousam confessar.
Dizem que não nasci para a escrita,
como se a poesia tivesse dono,
como se a beleza fosse medida
Pela crueza das réguas e compassos.

Mas pergunto:
Quem decide o que é belo?
Quem traça a linha entre o feio e o sublime?
Com que autoridade
se erguem esses árbitros do dizer,
esses guardiões de regras
que não entendem
que a poesia é vento,
é rio,
é fogo que não se contém?

Escrevo à minha maneira,
Aos que gostam ou não,
porque há verdades
que só a poesia pode nomear.
Escrevo para os impulsos
que brotam do invisível,
do que não se explica,
do que só se sente.

Não escrevo para agradar,
não escrevo para seguir métricas
ou caber em moldes.
Escrevo porque a vida pede voz,
e eu lhe dou a minha,
crua, livre, desmedida, mas minha.

A poesia não está nos livros,
nas regras, nas fórmulas.
Ela está no mundo,
Naquele instante em que tudo faz sentido:
na lágrima que escorre sem aviso,
no sorriso que nasce do encontro,
no olhar de uma criança
que ainda não aprendeu
a duvidar da magia.

Ser poeta é ousar ver
o que os outros não veem.
É dar forma ao invisível,
é nomear o indizível.
É lançar-se ao abismo
e encontrar, lá no fundo,
a luz que ninguém esperava.

Eis a minha ousadia:
escrever como respiro,
viver como escrevo.
Que me leiam ou não,
que me entendam ou não.
A poesia não pede licença,
ela simplesmente acontece.

Por Uéliton Freire.

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