A bela e exuberante cidade de Cruzeiro do Sul ainda é um rincão na Amazônia. Palco da Revolução Acreana e do Movimento Autonomista, a cidade abrigou alguns coronéis de barranco. Esse termo foi usado para designar os proprietários de terra que detinham poder político e econômico durante o ciclo da borracha. Eles coagiam os subordinados a votar em seus candidatos, mantendo-se no poder.
Diferentemente das demais colonizações, a região do Juruá criou a política do compadrio, ou seja, o coronel dava uma índia paro o seringueiro e este, em agradecimento, chamava-o para ser o padrinho de seu casamento, bem como dos filhos que viria a ter. O mais famoso deles foi o Coronel Mâncio Lima, que dá nome ao município mais ocidental do Brasil e que, segundo alguns historiadores, teria escravizado o povo da etnia Puyanawa.
O maior herdeiro desse legado, que já se autointitulou “Leão do Juruá”, é o ex-prefeito Vagner Sales. De acordo com o site Jusbrasil, mais de 90 processos mencionam o seu nome. Inelegível, agora restou-lhe lançar os filhos para concorrer à prefeitura. E foram duas derrotas consecutivas para o atual prefeito Zequinha Lima, de 56 anos, que, por ironia do destino, vem a ser filho de agricultores juruaenses.