Um adolescente de 15 anos morreu após ser atropelado no Rodoanel Mario Covas (SP-021), na zona norte de São Paulo, na manhã do último domingo (15/6). Vinicius Queiroz Bianchi estava praticando cooper com outros dois amigos em uma área fechada para trânsito quando um segurança terceirizado da concessionária da via, que conduzia uma motocicleta, o atropelou.
Vinicius Queiroz fazia aulas de skate em uma escola de São Paulo que publicou um testemunho sobre o que aconteceu no domingo. De acordo com o relato de um dos amigos que estava com ele no Rodoanel, o grupo realizava a atividade física na via por volta das 6h da manhã, “para correr juntos e ver o dia amanhecer”, quando foi surpreendido por uma motocicleta em alta velocidade.
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Vinicius Queiroz tinha 15 anos
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Ele estava em uma área fechada para trânsito no Rodoanel quando foi atropelado
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Amigos do jovem skatista pedem justiça
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Quando perceberam a aproximação do segurança, de 53 anos, Vinicius e outro amigo foram juntos para a ponta direita da via e o terceiro amigo foi para a ponta esquerda. Segundo o relato do adolescente que estava ao lado de Vinicius, o segurança jogou a moto em direção aos jovens “com a clara intenção de assustar e intimidar”, mas perdeu controle da direção e atingiu os adolescentes.
Vinicius perdeu a consciência com o impacto, e o amigo, atingido, ligou para a namorada pedindo para que ela acionasse o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) antes de também perder a consciência. O terceiro adolescente, do outro lado da pista, entrou em contato por meio de uma chamada de vídeo com a mãe, que acompanhou tudo à distância.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que as vítimas foram levadas ao Hospital Mandaqui, mas Vinicius não resistiu aos ferimentos. Segundo o amigo que também foi atropelado, o adolescente sofreu traumatismo craniano, entrada de ar na cabeça e fratura no fêmur.
Todas as circunstâncias do ocorrido são apuradas por meio de um inquérito policial instaurado pelo 73º Distrito Policial (Jaçanã). O segurança não foi preso. De acordo com a SSP, a outra vítima já prestou depoimento, além de outras testemunhas.
“A autoridade policial também aguarda os laudos periciais requisitados para análise e segue empenhada na realização de diligências para o completo esclarecimento dos fatos”, diz a nota.
De acordo com o pai do adolescente, Josué Queiroz dos Santos, Vinicius tinha o sonho de ser fotógrafo e skatista profissional, “para correr o mundo”. O jovem participava de campeonatos de skate, e chegou a ser classificado em 5º lugar na categoria iniciante do Campeonato Paulista em 2023, o que lhe garantiu uma vaga para disputar o Campeonato Brasileiro em Santa Catarina no mesmo ano. Ele não participou da competição, no entanto, porque tinha uma prova da Escola Técnica Estadual (ETEC) no mesmo dia.
O que diz a empresa de segurança
Em nota ao Metrópoles, a empresa A2 Segurança, da qual o homem de 53 anos que atropelou os adolescentes é funcionário, informou que “lamenta profundamente o ocorrido, solidarizando-se com os familiares”.
De acordo com a empresa, o segurança estava fora do horário de trabalho no momento do ocorrido. “Todas as providências pertinentes à empresa foram imediatamente efetuadas. Foi instaurada sindicância interna para apuração dos fatos, constatando-se, em análise preliminar, que o incidente ocorreu fora do horário de trabalho, durante o trajeto do colaborador até o posto, sendo classificado como acidente de trajeto, com a devida emissão da CAT [Comunicação de Acidente de Trabalho]”.
A A2 afirma ainda que o veículo envolvido era particular do colaborador, já que ele atuava como vigilante fixo, sem uso de veículos no exercício da função.
“A empresa segue à disposição das autoridades e da família, colaborando com a apuração e prestando o suporte necessário”, finaliza a nota.
A concessionária Via Appia – SP Serra, que administra o Rodoanel, também foi procurada, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
“Uma parte de mim foi embora”
“O Vinicius foi roubado de mim, roubado dos amigos, da família”, diz o testemunho do amigo que também foi atropelado. “Fizemos nosso depoimento [à polícia] e foi visível que falamos a verdade. Eu faria de tudo pelo Vinicius, ajudei e tentei mas não consegui. No momento, só quero justiça. Porque uma parte de mim foi embora, e eu quero justiça!”
A escola Skate é Possível, onde Vinicius fazia aulas, fez uma página em seu próprio site para pedir por justiça no andamento das investigações. “O que pedimos é que esse caso não seja invisibilizado. Que haja uma investigação rigorosa, responsabilização dos envolvidos e, acima de tudo, justiça pela vida de Vinicius.”
“Agora, o que fica é o seu legado, que será eterno. Porque, mesmo tão jovem, você carregava uma atitude gigante, sabia tanto sobre o skate, sua história, sua cultura… e ensinava tudo isso pros outros, sempre com amor, generosidade e cuidado”, homenageou a escola em uma publicação no perfil do Instagram.