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Agência fiscalizadora vê “danos enormes” ao programa nuclear do Irã

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Agência fiscalizadora vê “danos enormes” ao programa nuclear do Irã

Nesta quinta-feira (26/6), no 14° dia da guerra entre Israel e Irã, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi (foto em destaque), foi entrevistado nos estúdios da RFI em Paris, França.

Ele faz uma avaliação inicial dos danos causados às instalações nucleares iranianas atingidas por mísseis dos Estados Unidos no último fim de semana. Segundo ele, a agência ainda não sabe a localização ou se houve a possível destruição de cerca de 400 kg de urânio altamente enriquecido pelo Irã.

Rafael Mariano Grossi reconhece que as relações com Teerã são tensas, mas acredita que o Irã deve permanecer dentro do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e pede acesso aos locais, além da cooperação contínua entre a agência e o Irã.

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“O Irã sofreu danos enormes. Os ataques, que começaram em 13 de junho, resultaram em danos físicos muito significativos a três locais, as usinas de Natanz, Isfahan e Fordow, onde o Irã concentrou a maior parte de suas atividades de enriquecimento de urânio. Eu sei que há muitas avaliações sobre em que grau de devastação, aniquilação, destruição total, etc. Mas, uma coisa acho que todos concordam: há danos muito, muito, muito consideráveis”, enfatizou.

A AIEA ainda não pode fornecer uma avaliação completa do nível dos danos causados pelos ataques israelenses, mas seus inspetores puderam avaliar inicialmente a complexidade dos danos, por possuírem um conhecimento muito bom da área e do funcionamento das usinas, conforme afirmou o diretor.

“Conhecemos essas instalações de cor porque estamos lá. Esse era nosso trabalho diário. Eu diria que inspecionamos todas essas instalações e fomos capazes de deduzir conclusões bastante precisas, observando imagens de satélite e assim por diante, sobre o tipo de dano e as consequências do que havia acontecido”, disse Grossi.

“Vou lhe dar um exemplo: Fordow, que é uma instalação maior, quase um cenário de filme, com seu subsolo, a montanha. Nós vimos imagens das perfurações causadas por essas bombas de alta penetração Obviamente a gente não pode avaliar o grau dos danos, mas a gente já sabe que pela potência desses ataques e dadas características técnicas de uma centrífuga, a gente sabe que essas centrífugas não são mais operacionais”, detalhou o diretor.

Obrigação legal

Em resposta à possibilidade de o Irã recusar acesso dos inspetores da AIEA, o diretor explica que a presença da agência no Irã não é um gesto de generosidade, mas sim “uma responsabilidade internacional”.

“O Irã é membro do Tratado de Não-Proliferação e, como tal, deve ter um sistema de inspeção”, acrescentando não esperar uma suspensão unilateral das inspeções por parte de Teerã, pois isso, segundo ele, significaria “uma nova crise” na região. “Não acho que isso seja o que eles querem ou o que seja do interesse deles”, declarou nos estúdios da RFI.

Nessa quarta-feira (25/6), Rafael Mariano Grossi já havia afirmado ao canal France 2 que cooperação do Irã com a Agência Internacional de Energia Atômica em relação ao seu programa nuclear continua sendo “uma obrigação”, mesmo após o Parlamento iraniano votar pela suspensão dessa colaboração.

“A cooperação do Irã conosco não é um favor, é uma obrigação legal, enquanto o Irã continuar sendo um país signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP)”, esclareceu ele, ao mesmo tempo em que surgem questionamentos sobre a localização ou possível destruição, em ataques israelenses, de cerca de 400 kg de urânio altamente enriquecido.

“A agência, a AIEA, perdeu a visibilidade sobre esse material a partir do momento em que as hostilidades começaram. (…) Não quero dar a impressão de que está perdido ou escondido”, acrescentou. “Assim que as hostilidades cessarem, e especialmente considerando a sensibilidade em torno desses materiais, acredito que é do interesse de todos que possamos retomar nossas atividades o mais rápido possível”, completou.

Questionado sobre as declarações de Donald Trump, que afirmou que o programa nuclear iraniano foi atrasado por várias “décadas” devido aos ataques americanos, Grossi respondeu: “Essa abordagem cronológica sobre armas de destruição em massa não me inspira muita confiança. Imagino que seja uma avaliação política”.

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