“O medo da morte significa que você não tem coragem de viver”. Essa foi uma entre tantas falas fortes e profundas da médica, escritora e professora Ana Claudia Quintana Arantes, palestrante da segunda edição do Metrópoles Talks em São Paulo, realizado na noite desta terça-feira (24/6), no Teatro Bravos, em Pinheiros, zona oeste paulistana.
Na palestra “A morte é um dia que vale a pena viver”, a especialista em envelhecimento e cuidados paliativos, formada pela Universidade de São Paulo (USP), abordou a importância de falar sobre a finitude da vida antes que o fim realmente chegue.
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Ana Claudia Quintana foi a palestrante da segunda edição do Metrópoles Talks em São Paulo
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Ela é médica, escritora e ativista da cultura do cuidado. Fez residência em geriatria e gerontologia no Hospital das Clínicas da FMUSP e especialização em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium e Universidade de Oxford
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A palestra “A morte é um dia que vale a pena viver” ocorreu no Teatro Bravos, na noite desta terça feira (24/6)
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Ana Claudia fala sobre a finitude da vida
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Falar sobre a morte
Segundo Ana Claudia Quintana, que se define como ativista da cultura do cuidado, o grande tabu que cerca a morte tem a ver com o despreparo estrutural da sociedade para lidar com limites. Afinal, é ensinado desde a infância que é necessário querer sempre mais: do conhecimento às conquistas.
O diálogo sobre a efemeridade da existência faz com que se lide melhor com o tempo, de acordo com a especialista. “O tempo é um deus que não atende a nenhuma oração”, refletiu. “Sucesso é algo que trazem para gente como ideal, e isso é uma grande ilusão. Então, vitória é você conseguir viver enquanto você está vivo”, completou.
Para Ana Claudia, as pessoas que têm medo da morte são as que querem encontrar com ela mais rápido. “Mude o medo para respeito. Aquilo que respeita você quer conhecer para não ser pego de surpresa”, sugeriu. “[É preciso] ter afeto, se conectar, encontrar seus pares, ter sensação de pertencimento.”
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Liberdade e esperança
Ana Claudia Quintana retrata a morte como “o parto da alma”, ou seja, o fim de uma história definitiva. Ela explica que invalidez é não usar a própria vida para “mostrar o que é viver”.
Além disso, destacou a palestrante, é fundamental trabalhar os conceitos de liberdade e esperança. “A consequência de ser livre é saber que somos dependentes uns dos outros”, esclareceu a convidada. “A esperança é subversiva, porque ela não respeita a noção básica que temos de tempo”, completou.
A especialista recomenda que o tempo — de disposição e disponibilidade — seja direcionado para aquilo que se ama.
Metrópoles Talks
O Metrópoles Talks é o braço de palestras do maior portal de notícias do Brasil. Um espaço onde mentes brilhantes compartilham ideias, experiências, e visões que inspiram e provocam reflexões.
Grandes nomes já estiveram presentes no projeto de palestras do Metrópoles. Em São Paulo, a estreia contou com Ingrid Guimarães e Glenda Kozlowski em um bate-papo bem humorado e informativo sobre a chegada da menopausa.