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    Bolsonaro testa fidelidade de aliados em novo ato contra cerco do STF

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    Pela 6ª vez desde que deixou a Presidência da República, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou apoiadores para as ruas. O ato marcado para as 14h deste domingo (28/6) testará o poder de mobilização dos bolsonaristas na Avenida Paulista. E, mais do que isso, medirá a fidelidade dos aliados do ex-presidente diante do avanço do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta trama golpista que Bolsonaro teria liderado.

    Antes de irem para a última manifestação bolsonarista em São Paulo, sete governadores, filiados a cinco partidos políticos diferentes, haviam demonstrado apoio e se reuniram com Bolsonaro no Palácio dos Bandeirantes em abril. Para o próximo ato, apenas quatro governadores, filiados a três partidos, estão confirmados.

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    Além do anfitrião Tarcísio de Freitas (Republicanos), o encontro na sede do governo paulista, realizado antes do ato pró-anistia no início de abril, reuniu os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Santa Catarina, Jorginho Mello (SC); de Goiás, Ronaldo Caiado (União); do Amazonas, Wilson Lima (União); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); e do Mato Grosso, Mauro Mendes (União).

    Neste domingo, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL),que cancelou a participação no protesto de abril de última hora, se juntará a Romeu Zema, Jorginho Mello e Tarcísio de Freitas. Desses, apenas Tarcísio é um orador confirmado no palanque de Jair Bolsonaro.

    15 imagensMichelle Bolsonaro durante ato pela anistiaO senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)Nikolas Ferreira e Jair Bolsonaro em ato na Avenida PaulistaO presidente do PL, Valdemar Costa NetoO governador Tarcísio de Freitas também vai discursar na PaulistaFechar modal.1 de 15

    O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

    DANILO M. YOSHIOKA/ESPECIAL METRÓPOLES @danilomartinsyoshioka2 de 15

    Michelle Bolsonaro durante ato pela anistia

    KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo3 de 15

    O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)

    BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto4 de 15

    Nikolas Ferreira e Jair Bolsonaro em ato na Avenida Paulista

    Reprodução/ Youtube5 de 15

    O presidente do PL, Valdemar Costa Neto

    KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo6 de 15

    O governador Tarcísio de Freitas também vai discursar na Paulista

    Isabella Finholdt/ Metrópoles7 de 15

    Pastor Silas Malafaia acompanha Bolsonaro em manifestação

    DANILO M. YOSHIOKA/ESPECIAL METRÓPOLES @danilomartinsyoshioka8 de 15

    O deputado Altineu Côrtes (PL-RJ)

    Reprodução/Câmara dos Deputados9 de 15

    A deputada Bia Kicis (PL-DF)

    Vinicius Loures/Câmara dos Deputados10 de 15

    A deputada federal Caroline de Toni (PL-SC)

    Reprodução/Facebook11 de 15

    Deputado Gustavo Gayer (PL-GO)

    Reprodução12 de 15

    O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara

    Bruno Spada/Câmara dos Deputados13 de 15

    O senador Magno Malta (PL-ES)

    Igo Estrela/Metrópoles14 de 15

    O pastor Marco Feliciano (PL-SP)

    Reprodução15 de 15

    O líder da oposição na Câmara, Luciano Zucco (PL-RS)

    Vinícius Schmidt/Metrópoles

    Ao Metrópoles, o organizador do ato, pastor Silas Malafaia, disse que Zema discursará “se quiser”, deixando na conta do mineiro a prova de lealdade ao ex-presidente.

    O slogan do encontro deste domingo é “Justiça Já” e as críticas devem se concentrar no andamento do julgamento do Bolsonaro no Supremo. O Metrópoles transmitirá a manifestação na Avenida Paulista no canal do portal no YouTube a partir das 13h.

    Mobilização popular

    • Os números do Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), da USP, mostram que, ao longo do tempo, as manifestações bolsonaristas perderam a capacidade de adesão.
    • Em 25 de fevereiro do ano passado, o ex-presidente levou 185 mil pessoas à Avenida Paulista. Em 6 de abril deste ano, 44,9 mil pessoas foram à última manifestação, em São Paulo – uma redução de 75%.
    • No período entre os dois atos, ainda houve outros três protestos de aliados de Bolsonaro. Em 21 de abril, o monitor da USP mediu 32,7 mil pessoas em um ato em Copacabana. Já no Dia da Independência do ano passado, 7 de setembro, 45,4 mil pessoas estiveram na Paulista.
    • No dia 16 de março deste ano, 18,3 mil pessoas se manifestaram em apoio a Bolsonaro no Rio de Janeiro.

    Tom dos discursos

    Embora tenha dito que irá passar uma mensagem de esperança na Avenida Paulista, Jair Bolsonaro criticou o Judiciário por processos que responde e disse que “ninguém tem dúvida de que eu sou o alvo”. O ex-presidente se referia a um levantamento do deputado Gustavo Gayer (PL-GO). Em uma live na véspera do ato, espécie de “esquenta” para o ato deste domingo, o parlamentar goiano apresentou gráficos para mostrar números que sirvam de base para um discurso de perseguição do STF à direita, em especial ao PL.

    Vários parlamentares adiantaram que o discurso persecutório dará a tônica às falas no palanque de Bolsonaro. É o caso do líder da oposição na Câmara dos Deputados, Luciano Zucco (PL-RS), e do líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

    “Vou defender meus colegas dessa perseguição clara do Judiciário Brasileiro. A ampla maioria está sendo processada por falas na tribuna ou opinião expressada nas redes sociais. É uma perseguição total aos conservadores e à direita, em especial àqueles que podem ser candidatos fortes ao Senado em 2026”, disse Cavalcante ao Metrópoles.

    Outro foco de ataque será a votação do Supremo que, por 8 votos a 3, declarou inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet, a decisão que responsabiliza as empresas por conteúdos publicados em suas plataformas que descumpram ordens judiciais de remoção das publicações. Aliados de Bolsonaro consideram a determinação um ato de censura.

    “O autoritarismo do STF chegou ao seu auge. Toffoli chorou, mas foi choro de crocodilo. Ele é o pai do inquérito ilegal das fake news e agora vê seu projeto se concretizar: censura oficializada com o fim do artigo 19 do Marco Civil. O Supremo virou braço do PT. A ditadura está instalada no país. Mas eu não vou me calar”, afirmou o senador Magno Malta (PL-ES).

    Os discursos também devem abordar inconsistências na delação de Mauro Cid no julgamento contra Jair Bolsonaro. Para o pastor Silas Malafaia, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, tem feito “cortinas de fumaça” para esconder as fragilidades da denúncia da trama golpista. Uma delas, diz Silas, seria a prisão do ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado (PL-PE).

    “Vou focar na estratégia de Alexandre de Moraes de desviar a atenção da opinião pública e da imprensa da delação do coronel Cid, que tem que ser cancelada. E por que ele não cancela? Porque a fragilidade da denúncia do procurador está sustentada nessa delação vergonhosa”, adiantou Malafaia.

    O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, tem sido contestado por outros réus pelo conteúdo de seus depoimentos. Além disso, o tenente-coronel teria conversado pelas redes sociais com advogados de outros investigados.

    Veja quem deve discursar neste domingo

    • Deputado Altineu Côrtes (PL-RJ)
    • Deputada Bia Kicis (PL-DF)
    • Deputada Caroline de Toni (PL-SC)
    • Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
    • Deputado Gustavo Gayer (PL-GO)
    • Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente
    • Deputado Luciano Zucco (PL-RS)
    • Senador Magno Malta (PL-ES)
    • Deputado Marco Feliciano (PL-SP)
    • Michelle Bolsonaro (PL), ex-primeira-dama
    • Deputado Nikolas Ferreira (PL-MG)
    • Silas Malafaia, organizador do ato.
    • Deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
    • Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)
    • Valdemar Costa Neto, presidente do PL