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    Cientistas encontram danos de ação humana no fundo do mar da Antártida

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    Cientistas documentaram, pela primeira vez, danos humanos causados na vida oceânica protegida na Antártida. Eles foram causados pelo trânsito de navios e acabaram praticamente exterminaram a vida marinha nas zonas afetadas.

    A pesquisa internacional divulgada na revista Frontiers in Conservation Science na terça-feira (10/9) e revelou imagens submarinas que mostram marcas e destruição no ecossistema da região, que deveria ser preservado.

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    Os dados foram reunidos em 36 locais entre a Península Antártica (ponto mais próximo da América do Sul) e a Ilha Geórgia do Sul. As imagens capturadas em diferentes profundidades revelaram que as manobras de ancoragem de navios acabaram alterando o ecossistema elevando à morte de espécies.

    As perturbações foram atribuídas a embarcações de turismo, pesquisa e pesca. Durante a temporada de 2022-23, ao menos 195 embarcações foram registradas ancoradas em águas antárticas. Especialistas alertam que outras operam sem qualquer licença conhecida.

    Danos ignorados nas profundezas

    “Esta é a primeira vez que os impactos da ancoragem de navios e danos às correntes são documentados em águas antárticas, uma atividade que é praticamente toda desregulamentada”, afirmou Matthew Mulrennan, líder do estudo, em comunicado à imprensa.

    Mulrennan relatou que os navios destruíram espécies como as esponjas vulcânicas gigantes, que podem viver até 15 mil anos. Estrelas-do-sol, polvos-gigantes e aranhas-do-mar também foram registradas próximas das áreas ancoradas, mas em risco diante da atividade humana crescente.

    Vida marinha da Antártida corre risco

    As áreas afetadas apresentaram ausência de colônias bentônicas, esponjas esmagadas e declínio acentuado de biomassa. Em contraste, regiões adjacentes àquelas impactadas mostraram abundância de espécies e ecossistemas preservados, revelando o efeito localizado dos danos.

    “As esponjas são importantes para filtrar a água, sequestrar carbono e sustentar habitats complexos que beneficiam toda a cadeia alimentar, incluindo os pinguins e focas, que atraem turistas à região”, explicou Mulrennan.

    Muitas espécies da Antártida vivem apenas ali, crescem lentamente e não se deslocam. Essas características aumentam a vulnerabilidade diante de perturbações. Os pesquisadores alertam que a recuperação ecológica nesses ambientes pode levar décadas. A vida marinha pode levar mais de 10 anos para se reconstruir após os impactos da ancoragem de navios.

    “A ancoragem é provavelmente a questão de conservação dos oceanos mais negligenciada É uma questão ambiental urgente, mas está longe dos olhos, longe do coração”, concluiu o cientista.

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