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    Com votação apertada, assembleia dos professores termina em confusão

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    A assembleia que determinou o fim da greve dos professores das escolas públicas do Distrito Federal terminou em confusão no fim da manhã desta quarta-feira (25/6). Parte dos educadores favoráveis à continuidade do movimento paredista questionou o resultado da votação da categoria.

    Os educadores indignados protestaram contra a direção do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF). “Vergonha! Vergonha! Sinpro sem vergonha!”, gritaram. Os docentes revoltados chamaram os diretores de “pelegos” e “traidores”.

    A votação da assembleia foi apertada. A Polícia Militar (PMDF) foi acionada para conter os ânimos no local. Após o fim da votação, diretores do Sinpro-DF foram vaiados.

    Educadores contrários ao fim da greve cogitaram a possibilidade de a votação ter sido manipulada.

    23 dias de greve

    Em uma votação tensa e apertada, os professores das escolas públicas decidiram encerrar a greve da categoria, no 23º dia de movimento paredista.

    Os educadores aceitaram a proposta do governo local (leia mais abaixo), durante assembleia-geral no estacionamento entre o Eixo Cultural Ibero-Americano (antiga Funarte) e a Torre de TV.

    Na proposta apresentada, o Governo do Distrito Federal (GDF) prometeu nomear, até dezembro deste ano, ao menos 3 mil aprovados em concursos da Secretaria de Educação (SEEDF). Atualmente, segundo a categoria, a rede pública de ensino tem 15 mil educadores temporários e 9.420 efetivos.

    Veja imagens da assembleia-geral:

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    Além disso, o Executivo local assumiu o compromisso de dobrar os valores das gratificações por titulação de pós-graduação e de não cortar o ponto dos grevistas – ao contrário do prometido pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).

    Os efeitos dos novos percentuais – de 10% para especialização, 20% para mestrado e 30% para doutorado –, os efeitos na tabela salarial começariam em janeiro de 2026.

    À coluna Grande Angular Ibaneis comentou a decisão: “[Esse] foi um processo de bastante negociação iniciado por mim. Ficamos felizes com a compreensão dos professores para voltarmos a prestar o serviço que a sociedade espera de todos nós”.

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    A greve teve início em 2 de junho último. O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) divulgou que a categoria cruzou os braços para cobrar um reajuste salarial de 19,8%, a reestruturação da carreira, a nomeação de aprovados em concurso e a correção do envio de informações sobre professores temporários ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

    O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) autorizou o corte de ponto dos servidores e a aplicação de multa diária de R$ 300 mil contra o Sinpro-DF para cada dia de greve. Na segunda-feira (23/6), após pedido do deputado distrital Chico Vigilante (PT), o GDF apresentou proposta para o fim do movimento paredista.

    Confira as propostas do GDF

    • Envio pelo Executivo local à Câmara Legislativa (CLDF) de projeto de lei para progressão horizontal dos servidores e adoção de percentuais de salário em dobro, a partir de janeiro de 2026, para professores com titulação: 10% para especialização; 20% para mestrado; 30% para doutorado – o dobro do que é hoje;
    • Ao menos 3 mil nomeações até dezembro deste ano;
    • Prorrogação do concurso que vencerá em 27 de julho próximo;
    • Abertura de concurso público para o magistério, com publicação de edital no primeiro semestre de 2026;
    • Pagamento integral dos dias descontados pela greve e em folha suplementar, lançada um dia após o pagamento de julho ou na mesma data dele;
    • Recomposição do calendário escolar, com reposição das aulas ainda neste primeiro semestre e recesso na primeira semana de agosto;
    • Manutenção de mesa permanente de negociação para discutir reestruturação da carreira; e
    • Atestado de acompanhamento para professores em contrato temporário.

    Inicialmente, o governador Ibaneis classificou a greve como “política”. Porém, em articulação com o TJDFT, o GDF apresentou uma proposta, que acabou rejeitada pela categoria.

    Após a reunião de representantes do Executivo local com Chico Vigilante, uma nova proposta foi colocada à mesa. “Fiz minha parte. Abri a negociação com o que pode ser feito de verdade e que está dentro da realidade”, afirmou Ibaneis Rocha.

    O GDF ressaltou, ainda, que os professores foram contemplados com um amplo reajuste, concedido pela gestão de Ibaneis para diversas categorias. Essa recomposição havia sido prometida pelo ex-governador Agnelo Queiroz (PT), mas não saiu do papel durante anos.

    A Secretaria de Economia do Distrito Federal acrescentou que a terceira parcela do reajuste linear dos servidores do GDF, 6%, será paga na folha de julho.

    “Logo, o salário reajustado será depositado nas contas do funcionalismo até o 5º dia útil do mês subsequente, conforme previsão orçamentária de cada órgão. Cerca de 220 mil servidores ativos e inativos serão beneficiados com a medida”, informou a pasta.

    Colaborou Isadora Teixeira