No ambiente do marketing, da publicidade e da propaganda, a palavra “criatividade” é um mantra. Mas, para além da lâmpada que se acende sobre a cabeça, a jornada criativa, muitas vezes, é um trekking desafiador, repleto de incertezas e, principalmente, medos.
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Como um líder pode guiar a equipe por essa trilha, encorajando a ousadia e a inovação, sem gerar uma pressão tão grande a ponto de esgotar a equipe?
A conciliação do paradoxo entre entregar demandas e cumprir prazos, e, por outro lado, surpreender e apresentar um trabalho “fora da caixa”, é o grande desafio de liderar equipes criativas.
Para que a criatividade realmente aflore, é preciso construir um ambiente que vá além do convencional.
Não estamos falando de puf’s coloridos e mesa de pebolim, mas sim da cultura da organização, que deve ser facilitadora do desenvolvimento do potencial criativo, com um design comportamental que incentive a interação.
Líderes precisam construir um lugar onde a liberdade e o controle se equilibram, com um gerenciamento flexível e recursos disponíveis para colocar ideias em prática.
Ambientes onde as pessoas se sentem desafiadas, encorajadas a correr riscos e apoiadas na autonomia são os mais propícios para que manifestem a plena capacidade criativa.
Pesquisas em neurociência apontam que estados emocionais positivos liberam dopamina, neurotransmissor associado à criatividade, enquanto o estresse e a pressão podem inibir o potencial criativo.
Um ambiente onde as pessoas se sentem seguras e encorajadas a experimentar e a cometer “erros inéditos” é, portanto, fundamental.
Foi em um ambiente perfeito para estimular a criatividade, imerso na exuberância da Chapada Diamantina, na Bahia, que vivi essa teoria, na prática.
A cada passo da trilha, em cada subida e a cada banho de cachoeira, senti minha mente criativa ser tão intensamente estimulada que me inspirei a escrever Líder Trekking – o Executivo e o Professor no Vale do Pati, uma obra de ficção que reflete essa jornada.
A imersão em um ambiente natural, longe da agenda interminável e das videoconferências, proporciona a desintoxicação digital e a reconexão com o essencial.
No ambiente certo, a criatividade não é uma busca forçada, mas uma manifestação genuína que surge da presença, da observação e da capacidade de se entregar ao desconhecido.
Porém, não podemos fazer um trekking no Pati todos os dias. A realidade da rotina exige que líderes de equipes criativas construam esse ambiente no dia a dia.
Isso implica, em primeiro lugar, em não “encher a mochila” das pessoas com cargas desnecessárias. A sobrecarga de trabalho leva à exaustão física e mental, diminuindo a energia e a motivação, e reduzindo a capacidade cognitiva do colaborador.
Não adianta sobrecarregar, é preciso dar a dose certa e ajudar a pessoa a entregar o melhor dela. Isso significa valorizar o descanso – afinal, assim como no trekking, “a melhor hora para descansar é quando ainda temos energia”.
A criatividade é a capacidade de conectar coisas, e quanto mais experiências diversas o cérebro tem, mais criativo será o pensamento. O líder deve ser o guia que aponta novas direções, como o guia que no Pati mostra “onde pisar a cada passo”.
Liderar equipes criativas é desafiador porque exige a conciliação do paradoxo de, por um lado, entregar as demandas e cumprir os prazos, e, por outro, fazer isso da forma mais surpreendente para que atinja os resultados.
Mas, como o Vale do Pati nos ensina, a vida pode ser vivida com mais intensidade e a criatividade pode aflorar quando aprendemos a usar a memória e a imaginação no presente, focando no “aqui e agora”.
É um chamado para que líderes e equipes se permitam explorar o potencial ilimitado que reside em cada um de nós, transformando o ambiente de trabalho em um verdadeiro trekking na natureza, onde a inovação e o bem-estar caminham juntos.