O renomado climatologista Carlos Nobre defendeu, durante participação no evento Ponto de Mudança, realizado pelo Metrópoles nesta quinta-feira (26/6), que a Amazônia precisa ser tratada com urgência e com base em soluções sustentáveis, diante da escalada do desmatamento e da complexidade social, ambiental e climática da região.
Segundo ele, são mais de 6,5 milhões de quilômetros quadrados de floresta em toda a Amazônia — o maior e mais biodiverso bioma do planeta. Somente na Amazônia brasileira, vivem cerca de 28 milhões de pessoas, número que chega a 47 milhões quando considerada toda a região pan-amazônica, incluindo 2,2 milhões de indígenas.
“Por isso, é fundamental que busquemos soluções sustentáveis”, afirmou.
Nobre chamou atenção para os principais vetores da degradação ambiental: a expansão da agropecuária, especialmente a pecuária bovina, além da produção de soja e, em menor escala, óleo de palma. Esses fatores alimentam o avanço contínuo do desmatamento.
O climatologista explicou que a devastação se concentra historicamente no chamado “arco do desmatamento”, uma faixa localizada principalmente na porção sul e leste da Amazônia brasileira. Desde os anos 1970, essa área já perdeu cerca de 860 mil quilômetros quadrados de floresta.
Recentemente, surgiu o alerta para um segundo arco de desmatamento, que se estende para novas áreas sensíveis da floresta.
Ponto de Mudança – especialistas debatem principais desafios climáticos no país
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Ponto de Mudança – Eduarda Zoghbi Fundadora da MPower Brasil
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Ponto de Mudança – Luiz Piauhylino Filho Secretário de Hidrogênio Verde do INEL
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Ponto de Mudança – Luiz Piauhylino Filho Secretário de Hidrogênio Verde do INEL
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Ponto de Mudança – Ana Toni CEO da COP 30
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Ponto de mudança – Fabio Cruz Head de ESG & Risco Social, Ambiental e Climático da XP Inc.
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Ponto de Mudança – Camille Bemerguy Secretária Adjunta de Bioeconomia do estado do Pará
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Ponto de Mudança – Fernanda Stefani CEO & Cofundadora 100% Amazonia
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90% do desmatamento na Amazônia é ilegal
O dado mais alarmante, segundo Nobre, é que 90% do desmatamento na Amazônia é ilegal, o que reforça a necessidade urgente de políticas públicas robustas, com fiscalização efetiva e responsabilização.
Em resposta a esse cenário, Carlos Nobre destacou a criação do projeto Arco da Restauração, lançado pelo BNDES durante a COP28, em Dubai. Inspirada em um estudo do Painel Científico para a Amazônia, do qual ele é integrante, a iniciativa foi levada por ele ao conselho de administração do banco e aprovada como uma resposta estratégica para a restauração ambiental.
“O projeto foca na região sul da Amazônia, uma das mais degradadas, com o objetivo de restaurar 24 milhões de hectares até 2050, o equivalente a 240 mil quilômetros quadrados”, explicou.
A primeira fase prevê a recuperação de 6 milhões de hectares até 2030, e os 18 milhões restantes até 2050.
Embora reconheça que o custo da empreitada seja elevado, Nobre enfatiza que a restauração é viável e já está em andamento, representando um passo concreto na construção de um novo modelo climático para a região. “É possível, necessário e urgente”, concluiu.
COP 30 na Amazônia
A COP30, marcada para 2025 em Belém (PA), será a primeira Conferência da ONU sobre mudanças climáticas realizada na Amazônia.
O evento representa uma oportunidade histórica para o Brasil apresentar ao mundo soluções baseadas na realidade dos povos da floresta e reforçar seu papel como liderança na agenda ambiental global.