A defesa dos anestesistas que denunciam o médico José Carlos Daher, proprietário da rede de hospitais Daher, por uma suposta cobrança de R$ 20 milhões para que continuassem atuando na unidade, afirmam que o dinheiro seria aplicado numa reforma para ampliar a estrutura física do hospital.
Segundo os médicos e seus advogados, Daher havia comentado, pouco tempo antes de apresentar a proposta, que o hospital havia crescido e com isso, naturalmente, teria havido um significativo aumento da demanda.
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Ele teria decidido, então, que aumentaria o número de salas do seu centro cirúrgico de seis para 12. O anúncio de Daher de que os profissionais precisariam arcar com “contribuições” veio logo após o veredito de que as salas seriam ampliadas.
Conforme apontado pelos médicos, a primeira reunião para apresentação da proposta teria ocorrido em meados do ano de 2023. Daher teria convocado a Clínica de Anestesiologia de Brasília (CAB) e seus anestesistas para apresentar a proposta.
De acordo com a defesa, na versão de Daher, os médicos anestesistas usavam aquele hospital e não pagavam nada por isso, por isso a contribuição seria justa.
“Modelo do Daher”
Na versão da defesa, no “modelo do Daher”, o grupo de anestesia vinculado à unidade deveria pagar uma percentagem do faturamento das anestesias ao Hospital Daher, bem como uma ‘cota’ de admissão para poder atuar no Daher — o que dava direito ao grupo de trabalhar por 60 meses na unidade.
Os advogados alegam que após decidir que não cabia a eles o investimento de ampliação do centro cirúrgico, a equipe de anestesistas agregada à CAB teve seu contrato de prestação de serviços rescindido.
No documento, foi declarado, ainda, que toda a classe dos médicos anestesistas do Distrito Federal tomou conhecimento do ocorrido, sendo que, a partir disso, passaram-se a recusar a trabalhar no local.
O teor foi apresentado aos investigadores e integra o processo
Áudio
A coluna expôs, nesta quarta-feira (25/6), áudios exclusivos das conversas entre o médico e o grupo de anestesistas sobre a suposta cobrança.
As conversas foram registradas antes da operação deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em abril deste ano, que apura a existência de um suposto cartel na prestação de serviços de anestesia no DF. Na ocasião, Daher apareceu como uma das vítimas do esquema investigado.