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Derrite mira retorno à Câmara para subir o tom no embate da Segurança

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Derrite mira retorno à Câmara para subir o tom no embate da Segurança

O secretário da Segurança Pública de São Paulo (SSP), Guilherme Derrite (PP), pretende usar seu retorno ao cargo de deputado federal para participar das discussões da PEC da Segurança Pública e de outras pautas ligadas ao tema no Congresso Nacional. Filiado recentemente ao PP, Derrite é pré-candidato ao Senado e pode usar a tribuna da Câmara dos Deputados como arena política pensando na disputa de 2026.

Pela legislação eleitoral, o secretário tem até abril do ano que vem para se desincompatibilizar do cargo e poder disputar a eleição, mas Derrite já admitiu que pode deixar o comando da SSP no fim deste ano.

“A grande questão da possibilidade de eu voltar é por conta do tema da PEC da Segurança Pública. Eu acho que tenho muito o que colaborar por ser parlamentar e pelo tempo, pela legitimidade de estar aqui na maior Secretaria de Segurança Pública do país”, afirmou Derrite, durante evento de formatura de novos soldados da PM nessa terça-feira (10/6), ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

No último sábado, Derrite já havia feito críticas à PEC da Segurança Pública, projeto proposto pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que está em discussão na Câmara dos Deputados.

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“A minha crítica à PEC é que ela não ataca a principal chaga do programa de segurança pública: reincidência criminal. (…) Eu vejo o que iria melhorar então a segurança pública, é a gente limitar o acesso à audiência de custódia, eu não sou a favor de acabar com a audiência de custódia, mas limitar o acesso”, disse o secretário, em discurso no Fórum Esfera do Guarujá, no litoral de São Paulo.

O PP pressiona para que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), paute, ainda neste ano ou no início de 2026, projetos de lei que visam o endurecimento da Lei de Execução Penal, tema caro a Derrite.

A ideia do partido é que o deputado coordene os trabalhos da bancada sobre essas matérias, o que seria um “golaço” para ele antes das eleições, segundo lideranças da legenda.

Para 2026, o PP aposta na agenda da segurança pública e vê em Derrite o principal nome para isso. Entre as estratégias traçadas, estão a realização de um tour de palestras do secretário sobre o tema da segurança em diferentes regiões do estado.

Oposição a Lula

Fora do governo do estado, Derrite terá mais liberdade para endurecer as críticas contra a gestão de Lula. O secretário de Segurança Pública não teria de lidar com as demandas da pasta, nem será fustigado por constrangimentos institucionais que podem ser causados se adotar a postura de oposicionista ferrenho.

Um integrante do primeiro escalão do governo Tarcísio avalia que seria interessante para Derrite estar em Brasília quando a Câmara pautar a PEC da Segurança Pública, proposta pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Embora o secretário faça críticas ao projeto em São Paulo, a atuação como deputado daria mais legitimidade e conforto para Derrite criticar diariamente a aposta do governo Lula na segurança pública e, com isso, também ganhar projeção nacional como autoridade no tema.

Elogios de Tarcísio

Nessa terça-feira (10/6), Derrite esteve ao lado de Tarcísio em evento de formatura de 1,8 mil soldados da PM. Aos formandos, o secretário fez um discurso de teor eleitoral, criticando a legislação penal vigente e defendendo um endurecimento das regras para prisão e flexibilização de penas.

“Ser policial no Brasil não é uma missão para um ser humano comum. Tem que ter espírito de servir e proteger numa sociedade que cada vez se entristece e se revolta com a fragilidade da legislação, com algumas posturas individuais e decisões que só atrapalham a segurança pública”, afirmou o secretário, citando o caso de um juiz que, sob o argumento de obtenção ilegal de prova, absolveu um piloto que havia sido preso por transportar cerca de 400 quilos de cocaína dentro de um avião.

Já Tarcísio enalteceu o trabalho do auxiliar na pasta, exaltando dados de redução de índices criminais, aumento do efetivo policial e avanços na utilização da tecnologia no combate ao crime. “Estou muito satisfeito [com o trabalho de Derrite]. Se depender de mim, ele fica até o final do período da desincompatibilização”, disse o governador.

No mesmo dia em que Tarcísio elogiou o secretário, reportagem especial do Metrópoles mostrou que, sob a gestão Derrite, a PM matou no ano passado, na capital paulista, 85 pessoas que estavam desarmadas. Ao menos 47 morreram pela polícia com tiros pelas costas.

Em 2024, a Polícia Militar paulista matou 760 pessoas, número 65% maior do que o total registrado em 2023, marcando a volta do crescimento da letalidade policial no estado, depois de um movimento de queda que teve início em 2021. Os dados são do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Filiação e “frente de direita”

 

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