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Entidades repudiam inquérito do Deic contra jornalista do Metrópoles

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Entidades repudiam inquérito do Deic contra jornalista do Metrópoles

Entidades que representam profissionais da imprensa repudiaram o inquérito aberto pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil de São Paulo, para investigar o jornalista Luiz Vassallo, repórter do Metrópoles, após a publicação de reportagens sobre o patrimônio do delegado Fábio Pinheiro Lopes, ex-chefe do órgão responsável pela apuração.

Como o Metrópoles mostrou nesta quinta-feira (5/6), a investigação foi aberta pela Divisão de Crimes Cibernéticos a pedido do delegado, conhecido como Fábio Caipira (foto em destaque), por “suposta prática de crime contra a honra”. Ele foi afastado do cargo de diretor do Deic em dezembro passado, após ter sido acusado de receber propina por Vinícius Gritzbach, o delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) assassinado no Aeroporto de Guarulhos, em novembro de 2024. O inquérito sobre este caso foi arquivado em março deste ano.

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“É inaceitável o uso do aparato do estado para intimidar a prática jornalística. Os crimes contra a honra são processados, geralmente, em ação penal privada. Um delegado não deveria usar seu poder institucional direcionado a um jornalista que fez uma reportagem sobre ele”, afirma a presidente da da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Katia Brembatti.

Ela destaca que a intimação enviada ao jornalista no dia 3 de junho para prestar depoimento dois dias depois “nem sequer traz informações sobre o motivo do depoimento e a condição em que o repórter seria ouvido, se como testemunha ou investigado”.

A diretoria da Abraji enviou ofícios à Secretaria da Segurança Pública e ao governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para obter explicações sobre o caso e manifestou “como esta situação cria um ambiente intimidatório que afeta não somente o jornalista como toda a imprensa, atingida pelo efeito amedrontador dessa ação, e a sociedade que potencialmente perde o acesso a informações de interesse público”.

“A Abraji se solidariza com Vassallo e com a equipe do Metrópoles e espera que a Polícia Civil e o Ministério Público não dêem seguimento ao procedimento de investigação, cessando essa tentativa de silenciamento antes mesmo de chegar à judicialização”, afirma a entidade.

A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, também emitiu uma nota na qual “repudia com firmeza a abertura de inquérito contra o jornalista Luiz Vassallo” a pedido do ex-diretor do Deic. “Trata-se de uma tentativa evidente de intimidação e censura, que agride frontalmente a liberdade de imprensa e o direito da sociedade à informação”, afirma.

Segundo a entidade, o Brasil registrou 144 casos de violência contra jornalistas em 2024, uma redução de 20% em relação ao ano anterior, mas policiais militares, civis e outros agentes de órgãos de segurança pública figuram no ranking da Fenaj como o terceiro grupo principal de agressores de jornalistas no país, com 6,25% dos casos.

“Episódios como este mostram que o uso do poder institucional para perseguir profissionais da imprensa ainda é uma prática preocupante. A democracia exige jornalismo livre e jornalistas respeitados”, completa a presidente da Fenaj.

Entenda o caso

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