Uma situação incomum corre como uma rastilho de pólvora entre as áreas que atuam na segurança pública da Bahia. Um homem preso flagrante, em 2019, após atirar em um vizinho durante uma discussão por causa de som alto, foi nomeado, em 28 de maio, para um cargo de direção adjunta na Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização baiana (Seap).
Sátiro Sousa Cerqueira Júnior foi preso logo após tentar matar o vizinho com um tiro em razão de a vítima se recusar a abaixar o volume do som que escutava. O Ministério Público enquadrou o caso como tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil. Ele cumpriu prisão preventiva no Presídio de Salvador até receber alvará de soltura e responde pelo crime em liberdade.
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Agora, o ex-preso assume um cargo com salário superior a R$ 11 mil no Conjunto Penal de Salvador, da Seap. Na função de diretor-adjunto, Sátiro teria a responsabilidade de auxiliar na gestão do Conjunto Penal de Salvador, colaborando na organização, manutenção da ordem e segurança da unidade. A indicação tem gerado controvérsia por envolver um servidor com histórico judicial em aberto, atuando justamente no sistema penitenciário.
O caso ocorre em meio a uma crise no sistema prisional baiano. Recentemente, o governo federal interveio no Conjunto Penal de Eunápolis após fugas em massa e denúncias de falhas na segurança. Dos 16 detentos que escaparam em dezembro, 15 continuam foragidos. Inspeções do Tribunal de Contas e do Ministério Público também revelaram problemas estruturais em presídios como o de Salvador e Itabuna, incluindo irregularidades na manutenção e suspeitas de má gestão.