A escalada do conflito entre Israel e Irã reacendeu a pressão no Brasil para ampliação de novas fronteiras de exploração de petróleo, como a Foz do Amazonas. As entidades do setor alertam sobre o impacto das ofensivas no Oriente Médio no preço do barril de petróleo.
Israel iniciou uma nova ofensiva contra o Irã em 13 de junho, com a justificativa de que o país persa estaria próximo da fabricação de uma bomba atômica. O Irã nega as acusações e defende que as usinas nucleares dentro do seu território são para fins pacíficos, como geração de energia.
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No entanto, nos últimos dias, houve uma escalada do conflito no Oriente Médio, com o envolvimento, inclusive, dos Estados Unidos. As forças militares norte-americanas bombardearam, no último sábado (21/6), três instalações de enriquecimento de urânio no Irã.
Com isso, o aiatolá Ali Khamenei, disse, no domingo (22/6), que os Estados Unidos iriam sofrer as consequências das ofensivas. “O dano que os Estados Unidos sofrerão se entrarem militarmente neste campo será, sem dúvida, irreparável.” Em retaliação, o Irã atacou bases militares norte-americanas no Catar, nessa segunda-feira (23/6).
Também na segunda, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou um cessar-fogo entre israelenses e iranianos.
De toda forma, as incertezas em relação ao confronto persistem e deixam o mundo em estado de alerta.
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A base militar de Al-Uldeid, no Catar, é a maior instalação dos Estados Unidos na região. Nas últimas semanas, muitas aeronaves e funcionários da base foram evacuados
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Pelo menos 10 mísseis foram lançados em direção ao Catar e pelo menos um míssil foi lançado em direção ao Iraque
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Teerã no Irã após ataque de Israel
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Ataques de Israel atingiram várias partes do Irã
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Diante do conflito no Oriente Médio, a diretoria executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo Gás (IBP) se reuniu para discutir o tema e as consequências do conflito para o setor petroleiro no Brasil.
“O mercado internacional apresenta no momento alta volatilidade em razão da diminuição da produção de importantes países produtores, tais como o Irã, bem como das dificuldades logísticas de escoamento de petróleo e gás da região do Oriente Médio, por conta do risco de fechamento do estreito de Ormuz, região marítima entre o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico que é via de transporte de cerca de 20% de todo o petróleo global”, destacou o IBP.
Uma das medidas apontadas pelo instituto para aliviar a pressão no setor petroleiro seria a ampliação das fronteiras de exploração no Brasil, como na Foz do Amazonas, presente na Margem Equatorial. “Necessidade de avançar na atividade de prospecção e exploração de novas acumulações de petróleo no Brasil.”
Situação na Foz do Amazonas
- A margem equatorial vai do Rio Grande do Norte ao Amapá e é alvo de interesse da Petrobras. A petroleira pretende investir US$ 3,1 bilhões na exploração de petróleo e gás na região.
- Em maio de 2023, o Ibama negou a licença ambiental por inconsistências técnicas. Já em maio de 2025, o órgão ambiental aprovou plano de resgate de fauna da Petrobras, em caso de vazamento, um passo importante.
- O presidente Lula defende a exploração, desde que com responsabilidade ambiental. Por outro lado, a ministra do Meio Ambiente alerta sobre a necessidade de reduzir combustíveis fósseis.
- Agência Nacional de Petróleo (ANP), inclusive, chegou a realizar o leilão de 47 blocos na Foz do Amazonas, sendo 19 arrematados no último dia 17 de junho.
- No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça a suspensão da próxima etapa do leilão. A solicitação inclui a proibição da homologação dos blocos, prevista até 1º de setembro.
Instabilidade
Para Igor Lucena, economista e doutor em Relações Internacionais, a partir do momento em que os países do Golfo Pérsico entram em guerra há o receio por uma instabilidade na produção de petróleo e a necessidade de buscar novas alternativas.
“O fechamento do Estreito de Ormuz e a possibilidade de um estrangulamento na capacidade operacional de petróleo no mundo forçam o governo brasileiro a buscar maior independência na produção de petróleo. Isso leva à necessidade de ampliar nossa capacidade de produção”, pontua Igor Lucena.
O Estreito de Ormuz é responsável por interligar produtores de petróleo do Oriente Médio com mercados da Ásia, Europa e da América do Norte. A região está localizada entre o Irã e Omã, separando os dois países por cerca de 33 quilômetros.
Na avaliação do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, há uma tendência para subida no preço do barril de petróleo, mas o Brasil irá acompanhar a situação no Oriente Médio para estudar medidas de mitigação.
Apesar do receio para o aumento do preço do petróleo, o barril teve uma queda na segunda-feira. O Brent (referência mundial), negociado na bolsa ICE, em Londres, teve queda de 6,67%, encerrando o dia cotado a US$ 70,52 o barril.