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    Indiciado por Abin Paralela, Carlos Bolsonaro ironiza: “PF do Lula”

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    O filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e vereador Carlos Bolsonaro (PL) reagiu nas redes sociais após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), nesta terça-feira (17/6), com a conclusão do inquérito que apurou o uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a espionagem ilegal de adversários políticos, a Abin Paralela.

    Através da rede social X, Carlos escreveu: “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não. É só coincidência.”.

    Além do vereador, Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que é ex-diretor da Abin, e o atual diretor da Agência, Luiz Fernando Corrêa, foram indiciados nesta terça-feira (17/6). Além deles, mais 31 pessoas teriam sido indiciadas durante toda a investigação. O inquérito, concluído, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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    A apuração da PF gira em torno da utilização da Abin para o monitoramento de opositores e adversários políticos do ex-presidente entre 2019 e 2021, sob a gestão do então diretor do órgão, Alexandre Ramagem.

    8 imagensAlexandre Ramagem (PL) concorreu a prefeito do Rio com apoio do ex-presidente Jair BolsonaroJHomem de confiança de Bolsonaro, Alexandre Ramagem foi alvo da PF em operação sobre suposta espionagem na AbinCarlos Bolsonaro posta foto de Ramagem tomando café com BolsonaroDeputado Alexandre Ramagem e Eduardo BolsonaroCarlos Bolsonaro e Ramagem com Jair Bolsonaro; vereador e deputado são investigados por "Abin Paralela"Fechar modal.1 de 8

    O ex-presidente Jair Bolsonaro, indiciado pela PF no caso da Abi Paralela

    VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto2 de 8

    Alexandre Ramagem (PL) concorreu a prefeito do Rio com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro

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    JHomem de confiança de Bolsonaro, Alexandre Ramagem foi alvo da PF em operação sobre suposta espionagem na Abin

    Valter Campanato/Agência Brasil4 de 8

    Carlos Bolsonaro posta foto de Ramagem tomando café com Bolsonaro

    Reproduçaõ / Instagram 5 de 8

    Deputado Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro

    Vinícius Schmidt/Metrópoles6 de 8

    Carlos Bolsonaro e Ramagem com Jair Bolsonaro; vereador e deputado são investigados por “Abin Paralela”

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    Atualmente, Ramagem é deputado federal

    Igo Estrela/Metrópoles8 de 8

    Ramagem ao lado do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro

    Reprodução/Redes sociais

    De acordo com a PF, a espionagem paralela era feita por meio do software de inteligência israelense First Mile, adquirido durante o governo de Michel Temer. A ferramenta permite rastrear a localização de pessoas a partir de informações fornecidas por torres de telecomunicações.

    Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

    Como funcionava a espionagem

    Foram identificados quatro núcleos responsáveis pelas atividades irregulares:

    • O núcleo político da organização, que seria formado pela assessora do vereador Carlos Bolsonaro, Luciana Almeida, e a assessora de Alexandre Ramagem — ex-diretor do Abin — Priscilla Pereira e Silva. De acordo com as investigações, as duas funcionárias atuavam como interlocutoras na troca de informações de interesse da família Bolsonaro.
    • O núcleo “Alta Gestão”, que envolve o então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e servidores subordinados. Segundo a PF, a alta cúpula do órgão tinha total conhecimento do uso indevido de ferramentas da pasta e teria tentado dar uma aparência de legalidade às atividades.
    • O núcleo “Portaria 157”, que ontava com a atuação de servidores incumbidos de tentar associar parlamentares e ministros do STF à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
    • O núcleo “Tratamento Log”, responsável por operar a ferramenta First Mile, e inserir os números a serem monitorados pelo software.

    Os dois primeiros núcleos seriam os responsáveis por interferir em investigações da Polícia Federal contra filhos de Jair Bolsonaro, produzindo provas a favor de Renan Bolsonaro e preparando relatórios para a defesa do senador Flávio Bolsonaro.

    A polícia não descarta a existência de outros núcleos e a participação de mais servidores ainda não identificados no esquema ilegal de espionagem.

    Quem foi espionado pela Abin Paralela

    Em julho de 2024, o ministro do Suprema Corte, Alexandre de Moraes, derrubou o sigilo da investigação. O documento liberado na ocasião cita os nomes das pessoas espionadas ilegalmente pela “organização criminosa”, por meio de sistemas da Abin, durante a gestão de Bolsonaro. As apurações revelaram que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo.

    Veja os espionados:

    • Poder Judiciário: ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux.
    • Poder Legislativo: deputado federal Arthur Lira (ex-presidente da Câmara dos Deputados), deputado Rodrigo Maia (ex-presidente da Câmara dos Deputados), o deputado federal Kim Kataguiri e a ex=deputada federal Joice Hasselmann; senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.
    • Poder executivo: ex-governador de São Paulo João Doria; servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges; auditores da Receita Federal Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
    • Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

    Também houve a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente inverídicas.