A Universo Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (AAPPS Universo), entidade investigada na farra do INSS revelada pelo Metrópoles, teve um aumento exponencial no valor descontado de aposentados do Instituto Nacional de Segura Social (INSS), entre os anos de 2022 e 2023.
Além do aumento exponencial, a PF afirma que a entidade se valia de várias contas bancárias para evitar o rastreamento dos valores arrecadados com descontos de aposentados e pensionistas.
Como mostrou a coluna, nesta quarta-feira (4), a Polícia Federal (PF) realizou buscas em Sergipe para apreender bens de pessoas ligadas à entidade e, também, a Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (APDAP PREV).
A ação é mais uma fase da operação Sem Desconto em que a PF busca amealhar bens e valores das entidades envolvidas na farra do INSS para depois devolver aos aposentados e pensionistas as quantias desviadas de forma irregular.
De acordo com dados da Controladoria Geral da União (CGU), a AAPPS Universo, sediada em Sergipe, começou a realizar descontos na folha de pagamentos de aposentados em 2022, quando arrecadou R$ 5 milhões.
Um ano depois, em 2023, o valor saltou para R$ 57,9 milhões, aumento de 1.050%, de acordo com a auditoria da CGU anexada ao inquérito da operação Sem Desconto.
A AAPPS Universo e a APDAP PREV já haviam sido alvo da 1ª fase da Sem Desconto, quando pessoas ligadas a elas foram presas pela PF.
No material da operação, a PF incluiu relatórios de análise de transações financeiras da AAPPS Universo que mostram, segundo os investigadores, a utilização de “várias contas bancárias, o que pode ser uma prática para distribuir e fragmentar recursos, evitando a concentração em uma única conta e dificultando o rastreamento dos montantes”.
Entre outubro de 2023 e fevereiro de 2024, segundo os dados da PF, ao menos R$ 95 milhões entraram nas contas da entidade.
“Observa-se que os recursos circularizam entre duas associações, UNIVERSO e Acolher – Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas, atual APDAP PREV, antes de serem enviados aos operadores financeiros, indicando uma dissimulação da origem dos recursos”, diz a PF sobre as transações da entidade.
A PF também afirma que a presença nas transações “indivíduos como beneficiários diretos da associação” indica uma “prática de transferências pessoais disfarçadas, à tentativa de fragmentar e ocultar o volume real dos recursos administrados.”
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