A Defesa Civil da Faixa de Gaza anunciou neste domingo (29/6) a morte de 17 pessoas, incluindo três crianças, em ataques e tiroteios do Exército israelense no território palestino, devastado por mais de 20 meses de guerra.
Dezenas de feridos também foram levados a hospitais após esses ataques, disse à AFP Mahmoud Bassal, porta-voz da organização. Dadas as restrições à imprensa na Faixa de Gaza e as dificuldades de acesso à área, a AFP não pode verificar de forma independente as informações da Defesa Civil.
Bassal relatou cinco ataques aéreos, realizados por drones ou caças, que, segundo ele, mataram 16 pessoas em todo o território sitiado. “Duas crianças da família Azzam foram assassinadas e várias pessoas ficaram feridas em um ataque israelense realizado ao amanhecer [por volta das 4h locais] contra uma casa (…), no sudeste da Cidade de Gaza”, disse ele.
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Questionado pela AFP sobre os eventos relatados por Bassal, o exército israelense disse que não poderia comentar, reiterando que está conduzindo operações contra o Hamas.
Ataque sem aviso
“Ouvimos uma enorme explosão”, indicou Abdel Rahman Azzam, parente da família que mora no mesmo bairro, à AFP. “Os gritos das crianças e mulheres não paravam. Eles bombardearam a casa com um míssil sem qualquer aviso”, acrescentou.
Além disso, um homem de 18 anos foi morto por tiros israelenses enquanto aguardava a distribuição de alimentos na área de al-Alam (sul), segundo Mahmoud Bassal.
No fim de maio, Israel aliviou parcialmente o bloqueio total imposto ao território palestino no início de março, o que levou a uma grave escassez de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais.
Um mecanismo de distribuição de ajuda liderado pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), com o apoio de Israel e dos Estados Unidos, foi estabelecido, mas suas operações resultaram em cenas caóticas e, às vezes, mortais.
De acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza, quase 550 pessoas foram mortas e mais de 4 mil ficaram feridas em longas filas formadas nos centros de distribuição de ajuda humanitária desde que o GHF iniciou suas operações. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, denunciou na sexta-feira (27/6) um sistema de distribuição “militarizado” que está “matando pessoas”.
“Força extrema”
Neste domingo, o exército ordenou a evacuação de vários bairros no norte da Faixa de Gaza, onde afirma estar conduzindo operações de “força extrema” contra o movimento islâmico palestino Hamas.
Após a entrada em vigor do cessar-fogo com o Irã na terça-feira (24/6), depois de 12 dias de conflito, o exército anunciou seu foco “mais uma vez em Gaza, para trazer os reféns de volta para casa e desmantelar o regime do Hamas”.
Apesar da intensificação das operações israelenses, o presidente dos EUA, Donald Trump, garantiu que um cessar-fogo entre Israel e o Hamas estava “próximo”. “Acreditamos que teremos um cessar-fogo já na próxima semana”, disse Trump, que já havia declarado na quarta-feira que “grandes progressos” haviam sido feitos.
De acordo com dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza, considerados confiáveis pela ONU, mais de 56.412 palestinos, a maioria civis, foram mortos na campanha de represália israelense na Faixa de Gaza até o momento.