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Jovem relata como foi queda de balão em SP: “Parecia filme de terror”

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Jovem relata como foi queda de balão em SP: “Parecia filme de terror”

A comemoração de um aniversário e a celebração de novas fases da vida fizeram a planner criativa Nathalia Miranda, de 26 anos, e a produtora de eventos Fernanda Luísa Cosentino, de 42, entrarem no balão que caiu em Capela do Alto, no interior de São Paulo, na manhã do último domingo (15/6). Das 35 pessoas que estavam no meio de transporte, uma mulher morreu e outras 11 ficaram feridas.

Nathalia contou ao Metrópoles que completou 26 anos no dia 13 de junho e, mesmo sendo uma pessoa que não costuma comemorar o aniversário com grandes experiências ou festas, decidiu fazer algo diferente este ano, porque muitas coisas aconteceram em sua vida, sendo um ano de muitos aprendizados e de crescimento.

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Um vídeo mostrou a queda do balão que vitimou uma mulher grávida

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O balão estava com 35 pessoas a bordo

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O piloto do balão foi preso e responderá por homicídio culposo com dolo eventual

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O balão caiu pela manhã deste domingo. O Cenipa foi acionado

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Balão caiu em uma área rural de Capela do Alto e matou uma mulher grávida

Divulgação/ Polícia Militar

Ela sempre teve vontade de andar de balão e decidiu convidar Fernanda, que também estava em um momento novo de sua vida, para ir junto. As duas saíram da capital e chegaram por volta das 5h em Boituva, no interior, de onde balão saiu antes de cair em um milharal em Capela do Alto.

Nathalia e Fernanda conheceram a empresa por meio do Instagram. “Eles continuavam ativos [nas redes], mas depois a gente viu que essa empresa foi fechada. Então, eles continuaram usando o mesmo Instagram grandioso para divulgar os serviços, mas vendendo como outro CNPJ. Eles enganaram todo mundo”, falou.

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Chegando ao campo de onde levantaram voo, Nathalia reparou havia apenas mais um balão sendo preparados no local. “Só que, quando você vê as fotos das experiências, normalmente são muitos balões. Até sendo montados ao mesmo tempo. E ali eu só vi dois. E aí eu achei estranho”, especulou a planner criativa.

As amigas se distraíram olhando a montagem do balão e o céu e, quando perceberam, as pessoas já estavam entrando no meio de transporte. Por causa disso, elas perderam o lugar na ponta do balão, onde há a melhor vista.

“Sem querer isso foi bom para a gente, porque era justamente onde a menina que faleceu estava […] A região onde ela estava era onde a gente queria ter ido, porque a vista seria um pouco melhor. E ali foi onde foi mais afetado, pelo que a gente entendeu”, disse Nathalia.

Ao entrarem no balão, as amigas foram avisadas de que o voo seria baixo e, enfim, o passeio começou. No começo, tudo estava tranquilo e os passageiros assistiam ao nascer do sol e pedidos de casamento aconteciam até que, de repente, o tempo começou a fechar.

A queda

Em determinado momento, Nathalia percebeu que o balão em que elas estavam voava muito para a direita e que não haviam outras aeronaves ao redor. Ela contou que, neste momento, uma menina ouviu no rádio que os outros balões haviam pousado após 25 minutos de passeio. Até então, o dirigível estava estável, segundo a jovem.

O piloto, então, avistou uma área de mata e disse que o campo de pouso estaria logo em seguida. Porém, quando passou por cima das árvores, o balão começou a voar mais baixo e bater nos galhos.

“Parecia que durou um milhão de anos aquela batida batida. Parecia que tinha durado anos porque foi muito intenso”, descreveu Nathalia Miranda.

Ela contou que, durante a colisão com a área de mata, só conseguia pensar em proteger sua cabeça, pensando que, se tivesse algum ferimento, poderia ficar inconsciente. Neste momento, Nathalia lembra de ouvir os gritos das outras pessoas.

Passadas as árvores, o piloto conseguiu subir o balão novamente, mas, neste momento, quatro pessoas já haviam sido lançadas para fora da aeronave e a mulher que morreu já havia machucado o queixo.

O piloto, então, começou a procurar outro campo livre para pousar o balão. As pessoas estavam desesperadas e não havia mais sinal de rádio. Eles ficaram cerca de 15 minutos no que ela classificou de agonia.

“Até que a gente chegou perto de uma área livre e ele falou: ‘a gente vai pousar ali’. E a gente pensou: ‘agora vai dar certo’. A gente estava nervosa, mas eu achava que realmente ia dar certo. Ele foi se aproximando e, quando chegou mais ou menos a uns três metros do chão, falou: ‘não vai dar, vai acontecer a mesma coisa’”, lembrou Nathalia.

Mais uma vez desesperados, os passageiros começaram a pular para fora do balão, mesmo contra a indicação do piloto. Nathalia foi uma das pessoas que se jogou para fora do dirigível, mas precisou voltar para buscar Fernanda, que estava paralisada, em choque.

“Parecia um filme de terror, porque a gente estava no meio de um milharal, um monte de gente jogada para lá e para cá, machucada. A menina que faleceu estava ali também. Eu estava em choque. Para mim, não era real. Eu não sei nem explicar, para mim, era um filme de terror”, lamentou a planner criativa.

O grupo então, ficou cerca de cinco minutos esperando a chegada da polícia e das ambulâncias, que levaram os feridos ao hospital.

Segundo Nathalia, moradores locais estranharam a queda, já que os balões não costumam ir para a região onde aquele caiu. “Para mim, não foi acidente, foi um crime”, disse.

“A partir do momento que essa empresa está funcionando sem regulamentação, eles assinaram o atestado de cometer um crime, isso não é um acidente, acidente é eu ir na rua e, sem querer, ser atropelada. A partir do momento que eles escolhem fazer uma coisa que não está regulamentada, é um crime colocar a vida das pessoas em risco […] Eles estão brincando com a vida das pessoas”, falou.

Fernanda revelou ao Metrópoles que foi criado um grupo no WhatsApp com as vítimas da queda do balão. Eles querem que a empresa pare de fazer voos e de “colocar a vida de pessoas em risco”.

O que aconteceu

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, durante o voo o piloto realizou tentativas mal sucedidas de pouso em áreas inadequadas, o que resultou na queda do balão.

O Instituto de Criminalística (IC) e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) foram acionados para apurar as causas do acidente.

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