Depois de 116 anos sem registros, a libélula brasileira Lestes quadristriatus foi redescoberta em Minas Gerais. O achado ocorreu na Reserva Vale Encantado, em Uberaba, por uma equipe de pesquisadores brasileiros e argentinos.
A espécie foi descrita pela primeira vez em 1909 pelo entomologista americano Philip P. Calvert. O único exemplar que era conhecido foi levado com ele para os Estados Unidos. Desde então, nenhum outro registro havia sido feito, até agora.
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O novo encontro, liderado por cientistas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), com apoio da Universidad Nacional de Avellaneda, da Argentina, permitiu entender melhor a espécie e encontrar pela primeira vez uma fêmea desta libélula.
Quais são os níveis de conservação de espécies?
Os níveis de conservação de espécies são estabelecidos por uma revisão de estudos de cientistas feito pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Existem sete categorias que refletem o risco de extinção. São elas:
- Extinto (EX): a espécie não existe mais em estado selvagem.
- Extinto na natureza (EW): a espécie só sobrevive em cativeiro ou cultivo.
- Criticamente em perigo (CR): a espécie enfrenta um risco extremamente alto de extinção na natureza. Há 2.169 animais e 1.957 plantas com essa avaliação.
- Em perigo (EN): a espécie enfrenta um risco muito alto de extinção na natureza. Este é o segundo estado de conservação mais grave para as espécies na natureza. 3.219 animais e 3.009 plantas estão ameaçadas de extinção em todo o mundo.
- Vulnerável (VU): a espécie enfrenta um alto risco de extinção na natureza. Atualmente há 4.796 animais e 5.099 plantas classificadas como vulneráveis.
- Quase ameaçada (NT): é o estágio inicial da lista de extinção. Neste caso, a espécie não está criticamente ameaçada, mas pode estar perto de se tornar.
- Pouco preocupante (LC): a espécie não corre risco imediato de extinção.
- Dados Insuficientes (DD): não há informações suficientes para avaliar o risco de extinção da espécie.
- Não avaliado (NE): a espécie ainda não foi avaliada quanto ao risco de extinção.
Libélula pouco conhecida
O exemplar de Uberaba foi capturado a cerca de 50 metros de um riacho, com o uso de redes de captura para estudos. A aparência da cauda, semelhante a um galho de bambu, chamou a atenção dos biólogos. Após análise, a confirmação veio: tratava-se da mesma espécie identificada por Calvert no início do século passado.
Além disso, outro exemplar coletado anteriormente em Corinto, também em Minas Gerais, foi agora reanalisado como sendo da mesma espécie. Com isso, especialistas consideram que a libélula pode ser endêmica desse estado.
A nova descrição baseou-se em 13 machos e nove fêmeas, que não eram conhecidas da espécie. As características que distinguem a espécie incluem cercos com lobo negro e porção medial espinhosa, além de uma lígula genital com quatro cristas transversais.
Outro traço marcante da L. quadristriatus é o pterostigma bicolor (um pequeno padrão colorido nas asas, que costuma ser transparente). Esses detalhes morfológicos ajudaram a confirmar a identidade da libélula após mais de um século.
A libélula está ameaçada
Mesmo com a descoberta, os especialistas alertam que a falta de dados impede ações efetivas de proteção. Novas pesquisas serão essenciais para entender a real distribuição da espécie e seu risco de extinção.
Como há poucos dados ainda sobre ela, a espécie foi classificada na categoria Dados Insuficientes pelos critérios internacionais de conservação.
A equipe responsável pela descoberta planeja novas expedições para tentar localizar outras populações da espécie. A presença confirmada em Minas Gerais pode indicar que há mais locais onde a libélula ainda vive.
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