Foi durante a pandemia que o live commerce despontou como uma potente estratégia de marketing em vendas. Diante do fechamento temporário de lojas físicas e do aumento do tempo online dos consumidores, as transmissões ao vivo. Também conhecidas como live shops, surgiram como uma alternativa de consumo, mas também como um canal de entretenimento e relacionamento.
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Mesmo com o fim do isolamento, o formato não perdeu força. Pelo contrário: se consolidou como uma tática presente em diferentes etapas da jornada do cliente, do lançamento ao pós-venda. E isso faz todo o sentido. O live commerce reúne o que há de mais atual no comportamento de consumo: redes sociais, espontaneidade, interatividade e, acima de tudo, uma experiência envolvente.
A grande sacada desse formato não está apenas na venda em tempo real, mas na experiência que ele entrega. Quando bem executado com linguagem autêntica, interação genuína e conteúdo relevante , ele se torna uma extensão da identidade da marca. E isso muda tudo. No marketing atual, não basta vender: é preciso conectar. E a conexão, hoje, converte muito mais do que promoção.
O cenário brasileiro tem favorecido esse crescimento. Em 2024, o e-commerce nacional registrou um aumento de 19,1%, alcançando um faturamento de R$ 351,4 bilhões. O número de consumidores ativos também subiu 15,9%. Esses dados revelam algo claro: o público está não só mais confiante em comprar online, como também busca experiências mais imersivas e interativas.
Não é raro ser impactado por ações de live commerce enquanto se navega pelas redes sociais. Marcas de todos os tamanhos têm apostado nessa estratégia, e com resultados expressivos. A Shopee, por exemplo, realiza cerca de 150 transmissões ao vivo por dia, o que contribuiu para um aumento de 500% no faturamento com lives em apenas seis meses.
Já a WePink, marca brasileira de cosméticos, faturou R$ 15 milhões em uma única transmissão de uma hora. E o Magazine Luiza, pioneiro no Brasil, vem utilizando esse recurso desde 2017 para promover produtos e se aproximar dos consumidores nas plataformas sociais.
Com base nas projeções de mercado, o live commerce está longe de ser uma moda passageira. Estima-se que, até 2025, as mídias sociais movimentem US$ 1,2 trilhão em vendas e as compras ao vivo devem representar 20% desse total. Isso reforça o potencial desse modelo não só como ferramenta de venda, mas como canal estratégico de marketing e relacionamento.
Além dos números, o live commerce também tem um papel importante na construção de autoridade e comunidade ao redor das marcas. Ao permitir que o público acompanhe demonstrações em tempo real, tire dúvidas e interaja diretamente com influenciadores ou especialistas, cria-se uma relação de proximidade que ultrapassa a lógica da transação comercial.
E quando o consumidor se sente parte da conversa, ele compra com mais confiança e, principalmente, retorna.
Outro aspecto valioso está na flexibilidade do formato. Ele pode ser adotado tanto por pequenos empreendedores, que transmitem diretamente de casa, quanto por grandes marcas que investem em estúdios e roteiros profissionais.
O live commerce democratizou o acesso ao digital, incentivando uma comunicação mais criativa, acessível e eficiente. Com plataformas como TikTok, Instagram, Kwai e YouTube apostando cada vez mais em recursos voltados às lives, esse ecossistema tende a se fortalecer ainda mais.
Diante de tudo isso, fica cada vez mais difícil encarar o live commerce como algo passageiro. Ele já é — e seguirá sendo — um espaço estratégico para quem entende que vender, hoje, é criar experiências, promover diálogos e construir presença onde o consumidor realmente está: ao vivo, na tela e pronto para interagir.
Raphaela Araujo é formada em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda tem mais de 12 anos de experiência no mercado, construiu sua trajetória em agências de comunicação, atuando na criação de conteúdo para diferentes redes sociais e nas estratégias de posicionamento em marketing digital.