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Maçã e salas separadas: como foi 1ª noite de advogados presos em SP

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Maçã e salas separadas: como foi 1ª noite de advogados presos em SP

Na primeira noite em que passaram presos, divididos em duas salas da Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba, no interior paulista, os advogados Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira Barroso se alimentaram somente com um maçã e um sanduíche natural, levados pelo advogado Reginaldo Silveira.

Investigação da Polícia Civil atribui a eles a contratação de dois suspeitos, também presos sob a suspeita de serem os assassinos de José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, e Rosana Ferrari, 61. Os quatro foram detidos em cumprimento a mandados de prisão, expedidos pela Justiça, na terça-feira (17/6), em São Carlos , no interior, e na Praia Grande, no litoral do estado.

Reginaldo Silveira falou com exclusividade ao Metrópoles, nessa quinta-feira (19/6), afirmando que seus clientes são inocentes e que, na delegacia, aguardavam para ser encaminhados até uma sala de Estado-Maior. Ambos passaram a noite em claro e, só não ficaram sem comer nada porque o defensor comprou as maçãs e sanduíches.

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Além dos advogados, mais dois suspeitos foram presos

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Suspeitos teriam falsificado documentos para receber R$ 2,8 milhões das vítimas

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Operação em São Carlos prende advogados suspeitos de terem mandado matar casal de empresários em São Pedro (SP)

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Advgados foram presos em condomínio de luxo

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Operação em São Carlos prende advogados suspeitos de terem mandado matar casal de empresários em São Pedro (SP)

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O casal de empresários  José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, e Rosana Ferrari, de 61, morto em abril deste ano em São Pedro (SP)

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Operação em São Carlos prende advogados suspeitos de terem mandado matar casal de empresários em São Pedro (SP)

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Operação em São Carlos prende advogados suspeitos de terem mandado matar casal de empresários em São Pedro (SP)

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Operação em São Carlos prende advogados suspeitos de terem mandado matar casal de empresários em São Pedro (SP)

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Casal preso teria encomendado morte das vítimas

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Salas de Estado-Maior são oferecidas a advogados que respondem por crimes, sem condenações definitivas, como é previsto em lei. Na ausência desse tipo de espaço, os suspeitos devem permanecer em prisão domiciliar, até o desfecho processual.

Diferentemente disso, Hércules e Fernanda, afirmou o defensor, permaneceram cada qual em uma sala do distrito policial, sem estrutura. Após serem submetidos a uma audiência de custódia, na qual a prisão preventiva deles e dos outros dois indiciados foi mantida, na quarta-feira (18/6), o casal de advogados foi transferido para o sistema carcerário comum.

“Não sei em quais condições eles estão. Se em celas isoladas dos presos comuns, ou se estão dividindo espaço com outras pessoas. Desde a manutenção da prisão [na audiência de custódia] foquei em estudar o processo, para tirá-los da cadeia”, explicou Reginaldo Silveira.

Ele acrescentou que Fernanda foi transferida para a Penitenciária Feminina 2 de Tremembé, no interior paulista, conhecida como “Presídio dos Famosos”. Já Hércules foi levado para o Centro de Detenção Provisória de Taiuva, distante 370 km da capital paulista.

O habeas corpus produzido por Reginaldo foi entregue ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), por volta das 22h30 de quarta-feira (18/6). O pedido seria avaliado por algum desembargador de plantão nesta sexta-feira (19/6).

Nele, o defensor solicita para que os clientes respondam ao caso em liberdade, como é previsto em lei na ausência de salas de Estado-Maior. “Se for o caso, que usem tornozeleira eletrônica, mas não pode ser mantida essa condição em que eles estão”.

Tese sobre inocência

O defensor de Hércules e Fernanda afirmou que seus clientes são inocentes de todas os crimes a eles atribuídos (homicídio qualificado, associação criminosa, falsidade ideológica, estelionato e uso de documento falso).

“O julgamento da sociedade está muito forte. A sociedade já condenou eles, né, pelas manifestações que estão sendo feitas na internet. Rogo a Deus para que a gente consiga absolvê-los. São pessoas boas”.

Sobre R$12 milhões supostamente adquiridos pelos advogados presos dos clientes, por meio de uma fraude processual, Reginaldo Silveira afirmou que o valor, referente a imóveis, resulta do pagamento por serviços prestados aos empresários.

Como mostrado pelo Metrópoles, o juiz Dalton Lacerda Vital, da 1ª Vara de São Pedro, interior de São Paulo, decretou o sequestro de todos os ativos financeiros, além de bens móveis e imóveis, registrados em nome de Hércules e Fernanda.

Ambos foram presos terça-feira (17/6) em São Carlos, interior paulista, no condomínio de luxo no qual residem, junto com dois filhos adolescente, que atualmente estão sob a guarda de um dos avós.

Entre os bens sequestrados judicialmente, além de sete imóveis, avaliados em R$ 12 milhões, constam também quase R$ 3 milhões, pertencentes aos empresários assassinados, que teriam sido adquiridos pelo casal de suspeitos também por meio fraudulento, segundo a Polícia Civil.

Corpos no carro

O empresário José Eduardo era dono de um sítio com plantação de eucaliptos e criação de gado. Ele era um dos herdeiros da família Ometto Pavan, uma das mais tradicionais do ramo açucareiro no Brasil — responsável pela Usina São Martinho, uma das maiores processadoras de cana-de-açúcar do mundo.

Os advogados foram presos pela manhã, durante cumprimento de mandados no Condomínio Damha II, em um bairro nobre de São Carlos, no âmbito da Operação Jogo Duplo, que contou com apoio de helicóptero da Polícia Civil (veja abaixo).

 

SSP e OAB

Ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou que policiais civis da Deic de Piracicaba prenderam quatro pessoas.

“As prisões ocorreram durante a Operação Jogo Duplo, que visou o cumprimento de mandados de busca e apreensão nas cidades de São Carlos e Praia Grande, onde os suspeitos foram localizados”, informou a pasta.

Também em nota à reportagem, a 30ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Carlos informou estar acompanhando a diligência da Polícia Civil que resultou na prisão dos dois profissionais.

O órgão representativo ressaltou que, por meio de seu Tribunal de Ética e Disciplina (TED), apura infrações que cheguem ao seu conhecimento, “seja por representação ou por fatos divulgados em canais de comunicação”, disse, acrescentando que, “nesse sentido, a Seccional paulista adotará as medidas de apuração cabíveis junto ao seu Tribunal de Ética e Disciplina”.

 

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