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Moraes tira sigilo de investigação sobre Abin Paralela; veja relatório

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Moraes tira sigilo de investigação sobre Abin Paralela; veja relatório

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu retirar o sigilo do processo que investiga o uso de um programa secreto de monitoramento pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão foi tomada no âmbito da Petição 11108, que tramita na Corte desde 2023. O relatório da PF sobre os suspostos crimes foi divulgado pelo STF.

Segundo Moraes, a medida se tornou necessária após a constatação de vazamentos seletivos de partes do relatório produzido pela Polícia Federal. O ministro avaliou que os vazamentos têm levado à publicação de “matérias confusas, contraditórias e errôneas na mídia”. Para o relator, a divulgação de informações dessa forma poderia comprometer a continuidade das investigações.

Apesar da retirada do sigilo sobre a maior parte dos autos, Moraes determinou que as petições que tratam de dados bancários e fiscais dos investigados permaneçam protegidas.

Na última quinta-feira (12/6), a PF encaminhou ao STF o relatório final do inquérito. Agora, com a decisão do ministro, os autos serão enviados à Procuradoria-Geral da República (PGR), que terá um prazo de 15 dias para se manifestar. Além disso, Moraes determinou a intimação dos advogados das partes envolvidas para ciência da decisão.

Abin Paralela

O suposto uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para a espionagem ilegal de adversários políticos ficou conhecido como “Abin Paralela” do governo Bolsonaro. Nessa terça-feira (17/6), a corporação enviou ao STF a conclusão do inquérito. Foram indiciados o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-TJ), ex-diretor da Abin, e o vereador pelo Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos).

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O ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado pela PF no caso da Abin Paralela

VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto2 de 8

Alexandre Ramagem (PL) concorreu a prefeito do Rio com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro

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Homem de confiança de Bolsonaro, Alexandre Ramagem foi alvo da PF em operação sobre suposta espionagem na Abin

Valter Campanato/Agência Brasil4 de 8

Carlos Bolsonaro posta foto de Ramagem tomando café com Bolsonaro

Reproduçaõ / Instagram 5 de 8

Deputado Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro

Vinícius Schmidt/Metrópoles6 de 8

Carlos Bolsonaro e Ramagem com Jair Bolsonaro; vereador e deputado são investigados por “Abin Paralela”

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Atualmente, Ramagem é deputado federal

Igo Estrela/Metrópoles8 de 8

Ramagem ao lado do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro

Reprodução/Redes sociais

De acordo com a investigação, que apurou o monitoramento de opositores e adversários políticos do ex-presidente entre 2019 e 2021, sob a gestão do então diretor do órgão, Alexandre Ramagem, a espionagem paralela seria feita por meio do software de inteligência israelense First Mile, adquirido durante o governo de Michel Temer (MDB).

A ferramenta em questão permite rastrear a localização de pessoas a partir de informações fornecidas por torres de telecomunicações.

Núcleos de espionagem

Foram identificados quatro núcleos responsáveis pelas atividades irregulares.

O núcleo político da organização seria formado pela assessora do vereador Carlos Bolsonaro, Luciana Almeida, e a assessora de Alexandre Ramagem – ex-diretor do Abin – Priscilla Pereira e Silva. De acordo com as investigações, as duas funcionárias atuavam como interlocutoras na troca de informações de interesse da família Bolsonaro.

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O outro núcleo, chamado de Alta Gestão, envolve o então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e servidores subordinados. Segundo a PF, a alta cúpula do órgão tinha total conhecimento do uso indevido de ferramentas da pasta e teria tentado dar uma aparência de legalidade às atividades.

Juntos, os dois núcleos seriam os responsáveis por interferir em investigações da Polícia Federal contra filhos de Jair Bolsonaro, produzindo provas a favor de Renan Bolsonaro e preparando relatórios para a defesa do senador Flávio Bolsonaro.

PCC

Um terceiro tentáculo do grupo – apelidado de Portaria 157 – contava com a atuação de servidores incumbidos de tentar associar parlamentares e ministros do STF à organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Os investigados teriam utilizado a ferramenta First Mile para monitorar o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e a então deputada federal Joice Hasselmann, além do advogado Roberto Bertholdo, ligado aos parlamentares.

O quarto núcleo, chamado de Tratamento Log, até o momento, seria responsável por operar a ferramenta First Mile e inserir os números a serem monitorados pelo software.

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